Os integrantes do Conselho de Ética da Câmara decidiram há pouco realizar uma sessão secreta para poder tratar de detalhes do inquérito que corre sob sigilo no Supremo Tribunal Federal contra o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP, o Paulinho da Força. O encontro ainda não tem data marcada.
O presidente da Força Sindical é acusado de participar de um esquema de desvio de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Por decisão do presidente do Conselho, Sérgio Moraes (PTB-RS), a sessão reservada ocorrerá em conjunto com o depoimento do delegado Rodrigo Levin, responsável pela operação Santa Tereza, da Polícia Federal.
Os deputados e próprio Paulinho reclamaram de não poderem citar ou fazer perguntas referentes ao processo. O STF disponibilizou os autos para os membros do conselho, mas eles estão obrigados a manter o sigilo sobre a documentação.
“Essa história do sigilo não está me protegendo. O que está lá nas 89 páginas todo mundo sabe, foi dado em salaminho para a imprensa. Eu acho que o sigilo poderia, ou então vou deixar um pedido para fazer uma sessão secreta, ser liberado”, argumentou Paulinho.
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Sérgio aproveitou para fazer um pedido aos jornalistas presentes na reunião. “Eu gostaria que vocês da imprensa fossem com o máximo cuidado. Então eu gostaria que relatassem exatamente o que aconteceu aqui. Essa sessão secreta só será sigilosa por decisão da Justiça e não por vontade dos deputados que estão aqui”, afirmou.
Apartamento
Paulinho mudou hoje a explicação sobre a doação de um apartamento pelo ex-conselheiro do BNDES, João Pedro de Moura, a ONG Meu Guri, presidida pela mulher de Paulinho, Elza Pereira.
Ontem o deputado sustentava que o apartamento foi doado por Moura à ONG. O imóvel, estimado em R$ 80 mil, não foi utilizado pela instituição e acumulou dívidas de impostos e taxas por alguns anos. Segundo Paulinho, João Pedro resolveu, então, recomprar o apartamento por R$ 37,5 mil, abatendo as dívidas.
Durante a retomada do depoimento nessa quarta-feira, Paulinho disse que o ex-conselheiro do BNDES assinou uma procuração para a que Elza Pereira vendesse o imóvel. O dinheiro da venda iria então para a ONG Meu Guri.
“Foi uma cessão para venda do apartamento e não uma doação. Ele fez uma procuração, o apartamento sempre ficou no nome dele. Ele fez procuração para que ela [a esposa de Paulinho] vendesse”, explicou Paulinho.
O deputado afirmou que não seria justo Moura deixar as crianças sem nada, depois de doar o apartamento. “Aí nós dissemos que ele não podia levar o apartamento e não deixar nada para as crianças e aí ele fez uma doação de R$ 37,5 mil. Não era justo que ele apenas pegasse o apartamento de volta”, respondeu o deputado.
O Conselho de Ética não tem poder para fazer convocações, apenas convites. (Tatiana Damasceno)
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