Menos de uma semana depois de desqualificar as denúncias dos empresários Luiz Antônio e Darci Vedoin, da Planan, que relataram a participação de senadores no esquema dos sanguessugas, o presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto (PMDB-MA), confirmou ontem a abertura de processo contra os senadores Ney Suassuna (PMDB-PB), Magno Malto (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT), acusados pela CPI dos Sanguessugas de envolvimento com a máfia das ambulâncias.
O prazo para renúncias venceu à meia noite. Agora, mesmo que abram mão dos mandatos, os três parlamentares terão de enfrentar o processo e podem ficar inelegíveis por duas legislaturas se forem condenados.
Está encerrado também o prazo para a entrega das defesas dos acusados por escrito. Malta já havia encaminhado o documento na sexta-feira. Suassuna e Serys entregaram ontem no fim da tarde. João Alberto afirmou que ainda está lendo a defesa do senador capixaba e, por isso, só deve iniciar os trabalhos a partir da quarta-feira.
O vice-presidente do colegiado, Demóstenes Torres (PFL-GO), foi escolhido para relatar um dos processos. Os outros dois relatores serão anunciados até o fim da semana. A expectativa é de que os pareceres sejam votados e encaminhados ao Plenário entre 23 e 24 de setembro.
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Acusado, Antero vai pedir prisão de sócios da Planam
O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) pediu ontem ao Ministério Público Federal a prisão dos empresários Luiz Antônio e Darci Vedoin, sócios da Planam, empresa que coordenava a máfia das ambulâncias no Congresso. Em entrevista à revista Veja desta semana, Luiz Antônio Vedoin incluiu o nome do senador entre os supostos beneficiários do esquema de compra superfaturada de ambulâncias.
Além de pedir que o Ministério Público solicite a prisão dos dois, o senador vai pedir que Luiz Antônio perca o benefício da delação premiada – redução da pena, no caso de condenação, aos envolvidos que colaboram com as investigações. Operador da máfia no Congresso, Vedoin aceitou contar detalhes do esquema à Justiça Federal do Mato Grosso em troca da regalia.
"Ele (Luiz Antônio) prestou depoimentos por 12 dias à Justiça e à Polícia Federal e em nenhum momento citou o meu nome. À revista ‘Veja’, me incluiu na lista dos parlamentares beneficiados. Ele está comercializando depoimentos à imprensa e não pode ficar solto", disse o senador.
Segundo Antero, está claro que o empresário mentiu à CPI dos Sanguessugas ou à Justiça. "Eu sou 100% do bem. Eles estão mentindo e devem perder a delação", reagiu.
A CPI dos Sanguessugas quer convocar novamente Luiz Antonio para esclarecer a acusação contra o senador. Os parlamentares da comissão vão apurar porque o nome de Antero não foi mencionado nos outros dois depoimentos do empresário à comissão.
Além de Vedoin, a CPI também estuda convocar também o próprio senador tucano para que ele apresente a sua versão sobre as denúncias. "O procedimento padrão da CPI é esclarecer qualquer denúncia, e esse comportamento deve ser mantido. Temos que ouvir os dois lados: o Vedoin e o Antero", disse o vice-presidente da comissão, deputado Raul Jungmann (PPS-PE).
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