A deputada Solange Amaral (DEM-RJ) será a relatora do processo por quebra de decoro parlamentar do deputado Mário de Oliveira (PSC-MG), acusado pela Polícia Civil de São Paulo de contratar um matador profissional para assassinar o também deputado Carlos Willian (PTC-MG).
O PTC, partido de Willian, entrou ontem (dia 27) com uma representação contra Oliveira no Conselho de Ética. O presidente do colegiado, Ricardo Izar (PTB-SP), indicou a deputada fluminense. “Ela é advogada, é uma pessoa séria e competente para relatar o caso”, disse.
Hoje o conselho vai notificar Mário de Oliveira, que terá cinco sessões para fazer sua defesa prévia – prazo que deve durar duas semanas. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), havia pedido para o corregedor da Casa, Inocêncio Oliveira (PR-PE), presidir uma sindicância interna para analisar o caso.
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Mas, em decorrência da abertura do processo no Conselho de Ética, ela foi cancelada. O Supremo Tribunal Federal (STF) também investiga o caso, já que envolve parlamentar, que tem a prerrogativa do foro privilegiado.
Mário de Oliveira negou que tenha envolvimento no caso e alegou que tudo não passa de uma armação. “Vou apresentar minha defesa. Sem dúvida nenhuma tudo isso será esclarecido”, disse. Ele confirmou ter sido aliado de Willian, e afirmou, sobre o rompimento com o colega mineiro, que é normal haver “desentendimento”.
Carlos Willian diz que não quer punir ninguém: “Minha maior vitória foi ter escapado da morte”. Ele e sua família estão sob proteção policial.
Ontem, o deputado do PTC se reuniu com a presidente do STF, Hellen Gracie. Ainda nesta quarta-feira, o ministro Sepúlveda Pertence aceitou o processo e o encaminhou para o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, para que ele se pronuncie sobre o episódio.
Entenda o caso
De acordo com investigações da Polícia Civil de São Paulo, o deputado Mário de Oliveira, que é presidente da Igreja do Evangelho Quadrangular, contratou, por R$ 150 mil, o pistoleiro Alemão para matar Carlos Willian.
A última tentativa de assassinar Willian teria ocorrido na última quinta-feira, na MG-10, estrada que liga o aeroporto de Confins a Belo Horizonte. O deputado veio de Brasília na comitiva do presidente Lula e não em vôo de carreira.
Em depoimento à policia, Odair da Silva, freqüentador da Igreja do Evangelho Quadrangular, contou que contratou o pistoleiro a pedido do chefe de comunicação da igreja, Celso Braz do Nascimento, subordinado de Oliveira.
As desavenças ente Carlos Willian e Mário de Oliveira começaram por conta da administração da Fundação Educativa Quadrangular. As divergências se intensificaram quando Oliveira não conseguiu se eleger senador em 2002 e Willian foi o deputado federal mais votado entre os candidatos da Igreja Quadrangular.
Por decisão de Mário de Oliveira, Willian deveria renunciar ao cargo para que em seu lugar assumisse o suplente Antônio Carlos de Moraes, vereador e pastor da igreja
Em 2006, já longe da igreja, Carlos Willian se reelegeu. Na mesma eleição, Mário de Oliveira voltou à Câmara para o sexto mandato. No dia da posse, em fevereiro de 2007, Willian diz ter sido ofendido por Oliveira. Por isso, alega, entrou com a representação contra o colega na Corregedoria da Casa e com um processo por danos morais. (Lucas Ferraz)
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