O conselheiro José Leite Saraiva Filho solicitou afastamento, nesta quarta-feira (23), das investigações da Comissão de Ética Pública da Presidência em relação ao ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. Único conselheiro indicado pelo presidente Michel Temer, Saraiva pediu mais tempo para analisar se votava pela abertura ou não da apuração contra o ministro na última segunda-feira. Mas, no mesmo dia, após a repercussão negativa do episódio, recuou e liberou o caso, que acabou aberto.
Em mensagem dirigida ao presidente da comissão, Mauro Menezes, o conselheiro alegou “suspeição” para justificar seu afastamento. “Suspeição por fatos supervenientes, consistentes nos questionamentos divulgados em veículos de comunicação, a respeito da minha isenção para atuar na questão”, justificou-se.
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Reportagem da Folha de S.Paulo mostra que Saraiva advoga para a entidade que representa as construtoras da Bahia, entre elas, a dona do empreendimento La Vue, pivô da saída do ministro da Cultura, Marcelo Calero, e da denúncia contra o articulador político de Temer. De acordo com o Globo, Saraiva tem ligações com o PMDB baiano, de Geddel. Ele foi condecorado com o título de cidadão de Salvador a pedido do então governador Pedro Godinho (PMDB), aliado do ministro.
O conselheiro atua em ações das construtoras contra o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão que causou divergência entre os dois ministros, e o plano diretor de Salvador.
Ao deixar a Cultura, Calero acusou Geddel de pressioná-lo a liberar, por meio do Iphan, autorização para a construção de um edifício de mais de 100 metros de altura em região tombada pelo patrimônio histórico. O Iphan revogou decisão do Iphan da Bahia, comandado por aliado do ministro, que autorizava a construção do luxuoso prédio. Geddel contou ao ministro que é dono de um imóvel a ser construído no 23º andar.
Apesar da abertura da investigação na Comissão de Ética, Temer resolveu manter o ministro no cargo. Ontem o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e líderes de todos os partidos da base governista saíram em defesa de Geddel. O ministro admite ter conversado sobre o assunto com Calero, mas nega ter feito pressão sobre o colega.
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