Após debate acalorado, a Comissão de Agricultura decidiu criar uma comissão especial que terá 45 dias de prazo para analisar mudanças no Sistema Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov). A proposta foi divulgada durante a audiência pública realizada hoje (19) para debater a proibição de exportação de carne brasileira para a União Européia.
Segundo o presidente da Comissão de Agricultura, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), a comissão especial "será instituída na próxima segunda-feira [24]". Ele explicou que hoje ainda é grande a dificuldade para se rastrear o rebanho destinado às exportações, principalmente por limitações econômicas que prejudicam o trabalho dos técnicos. "Evidentemente que o Estado deixa a desejar com relação ao que desenvolveu o agronegócio. No exterior os fiscais têm todo o conforto, vão em carros com ar-condicionado para fazer o rastreamento, enquanto aqui os técnicos precisam andar em carros com 15, 20 anos, pneu careca e passando calor", comparou Onyx.
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"A rastreabilidade tem que ser feita de outra maneira para se garantir a qualidade da carne", analisa o deputado, acrescentando que há um contraste entre o volume de exportações e a quantidade de rebanho rastreado. "Teve carne que foi exportada sem rastreabilidade", afirma ele. "Basta ver a quantidade de filé exportado em comparação com a de bois abatidos".
Com a comissão especial, os parlamentares esperam que o sistema de rastreamento seja mais eficiente. "A idéia é ver como será esse processo de rastreamento. Se, em sete anos, só se conseguiu separar 99 propriedades rurais de um universo de 10 mil inscritas, algo está errado aí", disse Onyx, apontando a centralização do controle do rastreamento do rebanho no Ministério da Agricultura como um dos problemas do sistema.
Impasse
Durante a reunião da Comissão de Agricultura, que contou com a presença do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, alguns parlamentares criticaram a posição do ministério diante do embargo europeu à carne brasileira.
"Os europeus têm o mal da vaca louca e vêm exigir certificados dos produtores brasileiros? Isso não faz sentido", disse o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO).
"Houve uma série de erros, e os menos culpados foram os produtores, que estão pagando por eles. Gostaríamos que o ministro liderasse um movimento no país para acabar com essa situação", afirmou o deputado Leonardo Vilela (PSDB-GO).
Em sua exposição, o ministro havia admitido que foram encontradas irregularidades em diversos pontos da cadeia produtiva e que o Brasil não chegou a cumprir todas as normas estabelecidas pela União Européia.
Stephanes ressaltou, no entanto, que espera que os problemas com a rastreabilidade sejam resolvidos em 60 dias. (Soraia Costa)
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