Tudo sobre o caso Cachoeira
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Em seu depoimento, Roseli afirmou que só ficou sabendo que a empresa estava registrada em seu nome ao ser procurada por um jornalista. “Só sei o que li na internet. Não tenho nada com essa quadrilha. […] Não vim com advogado e estou aqui sozinha. […] Meu nome é Roseli Pantoja da Silva, sim. Mas meu é com ‘i’ e não ‘y’. Fiquei sabendo do uso de meu nome há cerca de dois meses, através de um jornalista. Estou aqui para ajudar no que for possível”, disse no início de seu depoimento. O nome escrito de maneira errada foi informado pela Polícia Federal.
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Aos integrantes da CPI, Roseli informou que o número do CPF que constava como sendo seu estava errado. O relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), confrontou os dados em posse da CPI e confirmou que os documentos são diferentes. “Na medida em que ela vem aqui, não confirma o CPF, fica mais evidente a teia de crimes cometidos por esta quadrilha”, disse o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG).
Procuração
Roseli contou que assinou uma procuração em nome do ex-marido, o contador Gilmar Carvalho Morais, quando os dois ainda viviam juntos, para que ele resolvesse a burocracia na abertura de uma loja em nome dela. A comerciante, que tem uma loja na Feira dos Importados, em Brasília, ressaltou que não tem qualquer envolvimento com o grupo de Cachoeira. “Sou comerciante e tenho uma loja de rock. Não tenho conhecimento sobre nenhuma dessas outras empresas que são atribuídas a mim”, disse. Segundo ela, a procuração foi assinada há menos de um ano. Os dois estão separados há dez meses.
As investigações da Polícia Federal apontam que Gilmar é sócio da G&C Construções Ltda., também considerada empresa de fachada que servia ao esquema. Roseli negou que tenha qualquer sociedade com com o ex-marido e afirmou que nunca soube de nenhuma atividade ilegal praticada por ele. “Ele é contador, e pelo que eu saiba, não tem empresa nenhuma”, afirmou.
Separação
Questionada pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR), autor do requerimento que a convocou, Roseli informou que a procuração foi, inclusive, um dos motivos da separação. “”Ele abriu uma conta, pegou empréstimo, deu vários cheques sem fundo, não pagou cartão de crédito e, quando vi, tinha várias pessoas atrás de mim me cobrando”, disse.
Roseli afirmou que o marido pode ter se envolvido com pessoas do esquema para pagar dívidas ou que pode ter sido usado. “Eu acho possível [que Gilmar tenha sido usado]. Lembro que ele disse que tinha conhecido gente importante e que, quem sabe, poderia ajudar a ganhar algum dinheiro. Mas não sei se saiu do papel porque nós nunca mudamos nada. Não temos casa própria”, disse.
Segundo o deputado Rubens Bueno (PPS-PR), Roseli teria sacado R$ 5 milhões em 66 transações. O dinheiro teria sido depositado na conta da Alberto & Pantoja pela construtora Delta. Ele negou que tenha realizado os saques. “Eu li, realmente, que eu tinha sacado, mas não fui eu. Eu tenho certeza absoluta que não estava lá e não saquei este dinheiro”, disse Roseli.
Roseli afirmou que só ficou sabendo da existência de Carlinhos Cachoeira quando o esquema dele veio à tona e ganhou os holofotes da imprensa. “Sei só o que eu vi na televisão e na internet”, declarou. A comerciante foi muito elogiada pelos parlamentares por ter respondido aos questionamentos e por ter ido ao colegiado sem um advogado. “ A senhora envergonhou vários marmanjos que por aqui passaram”, elogiou o senador Randofle Rodrigues (Psol-AP).
Nada a declarar
Outras duas pessoas deveriam ter sido ouvidas pela CPI hoje. Elas compareceram, mas se recusaram a falar. O ex-presidente do Departamento de Trânsito (Detran) de Goiás Edivaldo Cardoso de Paula foi dispensado ao dizer que, embora respeitasse o Congresso, não responderia às perguntas dos parlamentares, conforme orientação de seu advogado.
Edivaldo aparece em gravações feitas pela Polícia Federal em que garante a Cachoeira o repasse de verba estadual para uma das empresas do bicheiro. Depois do episódio ele deixou o comando do Detran. Na carta em que pediu exoneração do comando do Detran, Edivaldo disse que sua relação com o contraventor era profissional e nada tinha a ver com sua atuação no governo de Goiás.
O outro depoente que optou pelo silêncio foi o ex-segurança do ex-senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), Hillner Braga Ananias. Ele teve seu nome citado em ligações telefônicas gravadas pela Polícia Federal durante as investigações da Operação Monte Carlo, que resultou na prisão de Cachoeira. Munido de um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal, preferiu ficar calado e não quis responder a nenhum questionamento.
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