O bicheiro João Arcanjo Ribeiro, conhecido como Comendador, entrou ontem com um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), para que tenha o direito de permanecer em silêncio durante o depoimento marcado para terça-feira em Cuiabá (MT), onde será ouvido por senadores da CPI dos Bingos. O pedido será analisado pelo ministro Cezar Peluso.
A CPI dos Bingos quer saber se Arcanjo tem algum envolvimento no esquema de corrupção em Santo André (SP) e na morte do prefeito Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002. Arcanjo foi preso no Uruguai em abril de 2003 e há cerca de dois meses, foi extraditado para o Brasil. Ele é acusado de chefiar o crime organizado no estado do Mato Grosso.
Na ação protocolada no Supremo, os advogados do bicheiro alegam a intenção de proteger Arcanjo da auto-incriminação, de modo que ele possa recusar-se a “responder as perguntas cujos esclarecimentos possam acarretar-lhe grave dano jurídico”.
Arcanjo é suspeito de ter financiado políticos do PSDB, do PFL e do PMDB. Ele chegou a afirmar que bancou campanhas do senador Antero Paes de Barros (PSDB) para o governo do Mato Grosso. Suas operações estenderam-se até Santo André, cidade paulista governada pelo PT, onde, segundo procuradores que investigam o caso, um esquema de corrupção montado na prefeitura culminou na morte do prefeito Celso Daniel. No relatório final, a CPI deve afirmar que a morte de Daniel foi um crime político.
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