Sônia Mossri |
O clima de vitória tomou conta do PT e do Palácio do Planalto. Eles apostam na vitória da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, e acreditam que a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está garantida. O único tormento dos petistas é a possibilidade de ocorrência de racionamento de energia elétrica em 2006, o ano da reeleição. Ao mesmo tempo em que o crescimento econômico é motivo de comemoração na cúpula petista, a previsão de crescimentos mais robustos do Produto Interno Bruto (PIB) tornou-se também um pesadelo. Avaliações feitas por integrantes do diretório nacional do PT com os ministros da Fazenda, Antonio Palocci, e da Casa Civil, José Dirceu, mostram que será preciso segurar um pouco o crescimento da economia em 2006 caso o governo queira evitar a pior propaganda eleitoral para a candidatura Lula: um amplo programa de racionamento de energia. Leia também O atraso na votação do projeto da parceria público-privada (PPP), que atrairia investidores para o setor de energia, o eterno gargalo no sistema de transmissão e geração que se arrasta há quase dez anos e a resistência do Fundo Monetário Internacional (FMI) em aceitar novas regras para cálculo do superávit primário (receitas menos despesas, excluindo-se os juros) são a razão para dor de cabeça no governo. Como o Congresso em Foco antecipou, o FMI não se mostra nem um pouco disposto a mudar as regras para cálculo do superávit. O governo dava como certo que investimentos da Eletrobrás e da Petrobrás ficariam de fora do cálculo ainda em 2004 e não seriam considerados despesas. Mas a previsão não se confirmou. Aliás, as rígidas regras do FMI nos sucessivos acordos com o governo brasileiro foram o principal motivo do racionamento de 2001. Não se investiu em geração, transmissão e distribuição de energia simplesmente porque esses gastos não permitiriam que o Brasil atingisse as metas acertadas com o FMI. Fantasma para petistas Um interlocutor do ministro José Dirceu disse ao Congresso em Foco que o racionamento ocorrido durante do governo Fernando Henrique Cardoso transformou-se em uma espécie de fantasma para os cardeais petistas e os mais próximos ao presidente Lula. Quem não se lembra dos tumultos provocados pelo racionamento de 2001? Cotas de consumo de energia elétrica para cada família e empresas, contas de luz mais caras, troca de lâmpadas por produtos mais econômicos e mais caros e banho morno em pleno inverno. Esse racionamento do governo FHC seria considerado “light” perto do que poderia ocorrer em 2006. O governo prevê um crescimento do PIB de 5% para este ano, e alguns pensam em mais de 6% para 2005. Nesse ritmo, poderíamos chegar a 2006 com um PIB gordo e próximo a 7%. Não há energia para isso. A saída seria o ministro Palocci tentar um novo passe de mágica: manter um ritmo de crescimento que renda votos ao presidente Lula, gerando mais empregos, aumentando a arrecadação de impostos, e, ao mesmo tempo, colocando o Banco Central para dosar juros e o volume de recursos em circulação na economia. |
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