O senador Fernando Collor (PTB-AL) usou a tribuna do Senado nesta segunda-feira (26) para se manifestar sobre os depósitos recebidos do doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, deflagrada em março último pela Polícia Federal (PF) para desbaratar um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. No entanto, ele se limitou a criticar a revista Veja, que publicou matéria o vinculando a alvos da operação, e a dizer que “tudo precisa ser bem esclarecido, no seu devido tempo e no seu devido lugar”. Negou envolvimento com Youssef.
O ex-presidente da República disse que vai fazer uma consulta oficial à PF, à Justiça Federal e ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso a documentos e a todas as informações, especialmente sobre o vazamento dos oito comprovantes dos depósitos encontrados pela polícia no escritório do doleiro, em São Paulo. “Somente com dados mais concretos poderei, com maior detalhamento, falar desta tribuna. Afinal, não convém, de forma prematura, alimentar uma contenda contra um veículo [de comunicação] cujo objetivo é tão somente me acusar, me julgar, me denegrir e tentar me condenar junto à opinião publica”.
Os depósitos somam R$ 50 mil e foram efetuados em 2013. O discurso na tribuna foi o primeiro pronunciamento após a divulgação da apreensão. “Não conheço Alberto Youssef. Nunca mantive qualquer relacionamento de ordem pessoal ou política com ele. O mesmo afirmo em relação à Paulo Roberto Costa [ex-diretor da Petrobras preso na Lava Jato]”, disse Collor.
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Em despacho ao STF no último dia 22, o juiz federal Sérgio Moro, do Paraná, frisou não ter investigado os depósitos a Collor nos processos decorrentes da operação. Isso porque, na condição de parlamentar federal, o ex-presidente da República tem foro privilegiado perante o Supremo.
De acordo com Moro, a apreensão dos comprovantes dos depósitos foi casual. “Foi o juiz Sérgio Moro quem se debruçou sobre os autos. É ele quem mais conhece os fatos e os inquéritos e tudo o que se descobriu desse suposto esquema. E é ele mesmo quem afirma que não há qualquer indício do meu envolvimento. Portanto, não sou alvo de nenhuma investigação”, concluiu Collor.
Collor admitiu apenas manter relações apenas com o empresário Pedro Leoni Ramos, ex-ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da presidência da República em seu governo e flagrado na Lava Jato. “Mantenho com ele e a família relação há mais de 30 anos de amizade e de respeito”. A PF encontrou indícios da atuação do empresário na aprovação recente de medidas provisórias e projetos de lei no Congresso.
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