Rodolfo Torres
Em tom mais ameno do que o utilizado na segunda-feira da semana passada, o senador Fernando Collor (PTB-AL) voltou a defender hoje (10) a permanência do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP).
“Quando apoio a permanência do presidente José Sarney nessa cadeira… é porque não desejo que ele seja alcançado por essas injúrias, calúnias, mentiras”, afirmou Collor, lembrando do processo de impeachment que o retirou da presidência da República em 1992.
O senador ressaltou que a defesa de Sarney e do atual governo é “insuspeita” pelo fato de sua saída antecipada do Planalto ter contado com o apoio do PT e do próprio Sarney.
Collor avalia que as providências para apurar as denúncias contra o presidente do Senado “estão sendo tomadas de forma adequada”. Para ele, o que existe é “um movimento político em jogo”.
“E esse movimento é feito exatamente às vésperas do processo eleitoral, o que inibe alguns companheiros de tomarem alguma posição de acordo com a sua consciência e com a razão. Mas, infelizmente, pela proximidade das eleições, optam por ouvir o intangível ruído das ruas. A mesma coisa aconteceu comigo. A votação para o meu afastamento se deu às vésperas de uma eleição, para inibir companheiros parlamentares de votarem contra o meu afastamento.”
Críticas à imprensa
O ex-presidente da República também aproveitou a tarde de hoje para criticar a cobertura da imprensa na crise do Senado. Collor fez um apelo para que os senadores não se deixem levar pelas notícias publicadas.
“Não se deixem levar somente pelo lide [parágrafo inicial] da matéria, não se deixem levar apenas pelos títulos das matérias, não se deixem levar apenas pelos humores dos colunistas e dos cronistas. Procurem aprofundar-se um pouco mais. Solicitem aqui ao Senado da República que recebam as interpelações e as representações feitas na íntegra.”
O senador petebista também voltou a atacar o jornalista Roberto Pompeu de Toledo, da revista Veja. Collor afirmou que, durante a crise que provocou a queda de seu governo, Toledo procurou um ministro do Supremo Tribunal Federal e ofereceu espaço na publicação, com direito a foto de capa, para que o magistrado afirmasse que o ex-presidente havia cometido crime.
“Tenho obrado na sua cabeça, essa última semana, todos os dias. Venho obrando, obrando, obrando na cabeça do jornalista Roberto Pompeu de Toledo, tentando com isso fazer com que uma graxa possa, de alguma forma, melhorar seus neurônios e com que ele possa, finalmente, cair em si e trazer a verdade. Ele, sim, é que é um mentiroso. Ele, sim, é que é um salafrário. Ele, sim, é que é alguém que não merece o título de jornalista”, afirmou o ex-presidente.
A publicação negou em sua mais recente edição as denúncias de Collor.
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