O senador Cid Gomes (PDT-CE) criticou o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas evitou classificá-los como “inimigos preferenciais” do PDT.
“O PDT não pode entrar nessa quadra que eu considero lamentável do Brasil, de fla-flu, ódio, simpatizantes do PT e simpatizantes do Bolsonaro. Acho que essa polarização é terrível, o Brasil é muito mais que isso e queremos representar o muito mais do que isso”, disse na segunda-feira (18) ao Congresso em Foco.
O irmão do candidato do PDT nas eleições presidenciais de 2018, Ciro Gomes, disse que é do interesse do PT e de Bolsonaro que os ânimos políticos fiquem acirrados.
“Acho que os dois têm interesse nessa polarização, é uma forma de, pela negação, se imporem. Nós achamos que o caminho deve ser outro, deve se colocar como alternativa ao Brasil pelo propositivo, não pela negação”, afirmou.
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PublicidadePara o senador pelo PDT do Ceará, a situação de Lula na Justiça não era para influenciar na atuação da oposição ao presidente Jair Bolsonaro:
“Eu acho que prisão ou soltura de Lula não deve ser motivo da atuação, estratégia política de ninguém. Não deveria ser, acho que a política a gente resolve pela política, não tem nada a ver justiça, mas infelizmente no Brasil acontece muito”.
Lula disse na reunião da executiva nacional do PT, na última quinta-feira (14), em Salvador (BA), que a legenda “vai polarizar” nas próximas eleições.
O ex-presidente também rebateu as críticas de Ciro Gomes de que o PT não faz alianças políticas e deveria ter aberto mão das eleições do ano passado em favor da candidatura do PDT.
“Eu não quero ficar polemizando com o Ciro. Eu tive uma boa relação com o Ciro. Agora dizer que o PT deveria ter saído? Você acha que o Bahia vai jogar com o Vitória e vai amolecer para o Vitória? Nós não podemos aceitar a ideia de que eles têm que nos diminuir. Nós somos o único partido que tem um legado, defensável e que dá orgulho”, afirmou Lula.
Sobre isso, o senador adotou tom diferente que seu irmão usa normalmente evitou fazer críticas fortes ao ex-presidente.
“Sinceramente o PT não é nosso adversário preferencial, não é porque não é mesmo. Em eleição municipal, na minha cidade [Sobral], está o PDT com o PT, então não é nosso adversário preferencial, não é mesmo. Sinceramente essa falsa, pseudo… Não me anima”, falou.
Em entrevista publicada pelo Congresso em Foco em outubro, Ciro descarregou críticas a Lula. “Eu não me recuso a conversar com ninguém, mas não tenho nenhum apreço político pelo Lula, nenhum. Acho que ele é o grande responsável por essa tragédia econômica, social e política que o Brasil está vivendo, não tem grandeza, só pensa em si e virou um enganador profissional”, declarou.
Eleições de 2020
O PDT articula um diálogo com outros partidos de oposição para as eleições municipais de 2020. Na semana passada, estiveram reunidos os presidentes nacionais do PDT, Carlos Lupi, do PSB, Carlos Siqueira, do PV, José Luiz Penna, e o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Cid Gomes espera que a soltura do ex-presidente Lula não afete a tentativa do PDT em fazer alianças com esses partidos:
“No que depender de mim nenhuma alteração, vamos continuar com nossa estratégia. Temos procurado conversar com outros partidos, fizemos reunião um dia desses com PDT, PSB, Rede e PV. Vamos continuar essa estratégia de atuação hoje na política nacional e uma construção de possíveis alianças municipais”.
O ex-governador do Ceará não descarta alianças entre PT e PDT em algumas cidades, mas ressalta que nacionalmente a aliança preferencial é com PSB, Rede e PV.
“Eleição municipal fará com que, independente de direção nacional, os partidos conversem do A ao Z. Nós estamos pensando em unir esses quatro partidos em uma atuação em alguns pontos programáticos e na busca por alianças municipais, focando as principais, as cidades de mais influência no Brasil”, declarou.
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