Entre as prioridades do centrão está a extinção do Fundo Social. Criado em 2010 pelo Congresso em acordo com o então primeiro governo petista da presidente afastada Dilma Rouseff, o fundo é uma espécie de poupança administrada pelo Executivo e mantida pelos royalties e participações especiais a que a União tem direito, por lei, na exploração do pré-sal. Hoje, o fundo tem um saldo estimado em R$ 2 bilhões que o governo mantém no BNDES e que Temer pretende utilizar para equilibrar as contas públicas e tocar algumas obras, como a Transposição do rio São Francisco. O centrão já avisou que votará a favor.
O centrão decidiu, por exemplo, reduzir o número de interferências de deputados nas votações dos vetos do Executivo, em sessões do Congresso. O objetivo era limpar a pauta com a definição sobre os vetos presidenciais para que a nova meta de déficit de R$ 170,5 bilhões começasse a ser votada, como exigia a pressa de Temer. Compõem o grupo legendas como o PP, PSD, PTB, PSB, SDD, PRB, PTN, PR e outros conhecidos.
Formado por antigos e novos deputados, a grande maioria desconhecida, o centrão também está disposto a aprovar a reforma da Previdência cogitada pelo governo. Com exceções de parlamentares trabalhistas que já estão sendo convencidos sobre a necessidade da mudança, o bloco também já se definiu a favor de temas como privatizações de aeroportos e estradas, para reduzir o tamanho do Estado.
Com 350 deputados, sozinho o centrão pode aprovar até emendas constitucionais de interesse do governo, que exigem 308 votos. “Nosso único objetivo é garantir a governabilidade e garantir a recuperação da economia”, disse Rogério Rosso (PSD-DF), um dos coordenadores do grupo.
Maranhão
O centrão conseguiu afastar das sessões plenárias da Câmara o presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), considerado um empecilho ao governo porque foi contra o impeachment da presidente Dilma. Em outras palavras, ele é identificado como oposicionista, apesar de pertencer a um partido que compõe o grupo e está na base de apoio parlamentar do presidente interino.
Em reunião na noite da segunda-feira (23), os coordenadores do centrão pressionaram e conseguiram fazer com que Maranhão aceitasse transferir informalmente ao segundo vice-presidente da Casa, Fernando Giacobo (PR-PR), a coordenação dos trabalhos em plenário. Na ausência de Giacobo, o substituto acionado para substituir Maranhão é o primeiro secretário Beto Mansur (PRB-SP).
Para convencer o presidente interino da Casa, o centrão ameaçou cassar o mandato de Maranhão por quebra de decoro por causa de decisão que anulou – no dia seguinte, ele desfez o ato – a sessão da Câmara do dia 17 de abril que aprovou a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma. O centrão tem maioria no Conselho de Ética e no plenário, o que lhe garante número suficiente para mandar Maranhão de volta para casa e com direitos políticos suspensos por oito anos.
Peso
A força do centrão já foi percebida por Temer e pelas bancadas de partidos tradicionais, com o PMDB, DEM e PSDB, na imposição do deputado André Moura (PSC-SE) como novo líder do governo na Câmara. O grupo também conseguiu eleger o presidente da Comissão Mista de Orçamento, Arthur Lira (PP-AL).
Até o final do ano o centrão quer encorpar a candidatura de um dos seus líderes, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), à Presidência da Câmara na eleição de fevereiro de 2017. Antes, porém, quer livrar da cassação por quebra de decoro o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
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