Terceira maior central sindical do país, a União Geral dos Trabalhadores (UGT) manifestou preocupação com a suspensão e extinção de vagas por conta da crise econômica mundial. Em entrevista ao Congresso em Foco, o presidente da entidade, Ricardo Patah, diz que é preciso que o governo participe de, forma mais ativa, dos acordos entre empregadores e funcionários. Patah defende que os bancos públicos passem a exigir a manutenção de empregos como requisito para liberar empréstimos às empresas.
O posicionamento já é fruto dos desdobramentos da crise, que começou a ganhar contornos mais práticos para o brasileiro. O tema, que antes era discutido em cifras e percentuais otimistas pelo Banco Central e o Ministério da Fazenda, começa a preocupar outros setores do governo.
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Ontem (7), o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Luppi, declarou que vai discutir a criação de novas regras para a liberação do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), quando esse for solicitado para pagamento de salário durante dispensas temporárias. Isso aconteceu após a montadora Renault suspender mil postos de trabalho, repassando para o governo a responsabilidade de arcar com os vencimentos desses empregados.
Luppi admitiu que teme que a suspensão de vagas seja utilizada como muleta para empresas que querem se resguardar da crise, transferindo para o FAT os gastos com os salários dos trabalhadores.
O orçamento do FAT está estimado em R$ 38,2 bilhões para 2009. Desse montante, mais de R$ 23 bilhões seriam destinados ao pagamento de seguro-desemprego, quantia 23,2% maior do que a previsão em 2008.
“O fato é que a crise está afetando alguns setores de forma mais drástica. Estamos assistindo a uma das maiores montadoras do mundo dizer que está quebrando. Para que isso não se alastre e se transforme em perda de postos de trabalho, é preciso negociar com as empresas pontualmente, implementando medidas especiais”, ponderou Patah.
Chamado à realidade
O presidente da UGT também fez questão de ressaltar que, apesar do posicionamento aparentemente otimista do governo, é preciso olhar o cenário atual com espírito mais realista. “A Organização Internacional do Trabalho estima que a crise pode levar à perda de até 20 milhões de empregos em todo o mundo até 2010.”
Presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, Patah considera que o governo, no primeiro momento, minimizou o impacto da crise. “Com isso, nós demoramos alguns meses para engrenar. É fato que o governo foi rápido na elaboração de políticas públicas. Essas medidas, como a capilarização de recursos e a redução de taxas, foram eficazes”, avalia.
Com 765 entidades filiadas, a UGT é a mais nova das centrais sindicais brasileiras. Criada em julho de 2007, é resultado da fusão da Central Geral dos Trabalhadores (CGT), da Central Autônoma dos Trabalhadores (CAT) e da Social Democracia Sindical (SDS). A nova entidade incorpora, sobretudo, as federações dos bancários, dos comerciários e dos eletricitários de São Paulo. Em número de filiados, está atrás apenas da Força Sindical e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a maior delas. (Daniela Lima)
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