Diante dos ataques da oposição de que cabe ao presidente responder pelos gastos com cartões corporativos de pessoas ligadas à Presidência da República, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que quer investigar os gastos públicos desde o governo Fernando Henrique Cardoso. Ele avisou, no entanto, que não admitirá que Lula seja acusado pelos gastos com cartão, pois “nem cartão corporativo ele tem”.
“O governo estava sendo acusado de tentar jogar a sujeira para baixo do tapete ao rejeitar a CPI, então eu apresentei o requerimento baseado nas denúncias que surgiram na imprensa nos últimos dias. Mas quero discutir com seriedade essa questão dos gastos públicos, não apenas os feitos com cartão. E eu fui líder do governo Fernando Henrique e não tenho duvidas da integridade de Fernando Henrique ou do então vice-presidente, o agora senador, Marco Maciel [DEM-PE], assim como também não tenho dúvidas quanto à integridade do presidente Lula e do vice José de Alencar”, afirmou Romero Jucá.
O líder do governo destacou ainda que o maior responsável por saques com cartões corporativos no ano passado foi o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. “A empresa que mais gastou foi o IBGE e para quê? Para fazer uma farra? Não, para fazer o censo agropecuário. Em muitas cidades do interior do país não se aceita cartão”, disse ele.
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"CPI do país"
Em resposta, o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), reclamou que o governo só começou a falar em CPI quando apareceram denúncias envolvendo gastos feitos pelos seguranças da filha do presidente. “O que está indignando o país é o gasto com dinheiro público em tapiocarias, lojas de jóias, free shops e até na Feira do Paraguai [em Brasília]”, lembrou o senador.
“Por que então se propõe agora que dados que já estavam disponíveis no Siafi e no TCU há muito tempo, gastos retroativos de dez anos atrás, sejam investigados?”, questionou José Agripino, argumentando que a intenção do governo é “empurrar a investigação com a barriga” para que ela não tenha resultados.
Para Agripino, o ideal é que haja um acordo entre senadores e deputados da base governista e da oposição, para que seja determinado o foco da investigação da CPI.
"Proponho fazer uma reunião na segunda-feira para discutirmos como será essa CPI, que não pode ser do senador Romero ou do governo, mas tem que ser do país", argumentou o líder do DEM.
Rasura
Romero Jucá afirmou que, na próxima segunda-feira, reapresentará o requerimento de instalação da "CPI dos Cartões". Ontem, depois de saber que o peemedebista havia alterado, à mão, o documento, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) avisou que iria exigir providências a respeito, por questão de "prudência e responsabilidade".
Pouco depois, ao sair da sessão ordinária de ontem (7), o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), adiantou que havia conversado com Jucá e que, na segunda-feira, o líder do governo voltaria a volher as assinaturas necessárias para a CPI (no mínimo, 27). (Soraia Costa)
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