Alvo da oposição por conta de uma centena de denúncias de irregularidades durante sua gestão na Infraero, o deputado Carlos Wilson (PT-PE) disse que não aceitará o papel de bode expiatório nem de “homem-bomba”, capaz de fazer revelações que atingiriam o Palácio do Planalto, na CPI do Apagão Aéreo.
“Não serei um novo Roberto Jefferson”, afirmou, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, referindo-se ao pivô do escândalo do mensalão. Wilson esteve à frente da Infraero entre 2003 e 2006.
Segundo o presidente da CPI, Marcelo Castro (PMDB-PI), suspeitas de superfaturamento na estatal só serão investigadas pela comissão se tiverem conexão com a crise aérea. “Se houve superfaturamento numa obra e ela tiver relação com a crise, devemos ir adiante. Se for um banheiro superfaturado, isso não é da conta da CPI”, exemplificou.
A eleição de Marcelo Castro ontem expressou o domínio governista, que ocupará 16 das 24 cadeiras da CPI. A relatoria ficará a cargo do petista Marco Maia (RS). Castro e Maia disseram ontem que, apesar de serem de partidos da base aliada, a CPI não será chapa-branca, porque agirão de forma isenta e parcial.
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O relator admitiu convocar ex-dirigentes da Infraero para depor, “inclusive dos governos passados”. “Ninguém está acima da lei”, disse o presidente da comissão, ao admitir a possibilidade de convocar Carlos Wilson.
O petista pernambucano já manifestou intenção de falar à CPI. Em encontro com o ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, o deputado teria dito que não pretende atingir o governo, mas que faz questão de ser ouvido na investigação.
Carlos Wilson teve os sigilos fiscal e bancário quebrados e a indisponibilidade de bens pedida pelo Ministério Público Federal, depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) identificou irregularidades na licitação para reforma e ampliação do aeroporto de Congonhas, na capital paulista. (Edson Sardinha)
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