Depois de dizer que não serve para grampos o equipamento adquirido em parceria com o Exército, o diretor-adjunto afastado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), José Milton Campana, disse que a agência “quer ter” a prerrogativa de executar escutas telefônicas quando solicitada.
“A agência quer ter [a prerrogativa]. Nós acompanhamos algumas áreas críticas no país”, disse Campana, cujo depoimento à CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas já dura quase cinco horas.
“Ou seja: quer legalizar o que já faz de forma ilegal”, ironizou o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), causando certo constrangimento a Campana.
O diretor-adjunto da Abin é o segundo convocado a prestar esclarecimentos sobre a suposta participação da Abin no grampo telefônico que flagrou conversa entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Ontem (3), o colegiado colheu cerca de sete horas de depoimento do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Armando Félix.
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Respondendo a pergunta do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), Campana disse que, ao ingressar na Abin, há 33 anos, não recebeu treinamento para realizar escutas telefônicas. Segundo Campana, a agência zela pelo conteúdo de conhecimento que é produzido no Brasil – sem, como já havia dito, rastrear suas fontes.
“Temos o Programa Nacional de Proteção ao Conhecimento. Nosso projeto sensibiliza as empresas, e elas, por sua vez, tomam suas precauções”, disse Campana, mencionando a preocupação de profissionais com as informações “sensíveis” desenvolvidas em projetos científicos e tecnológicos. (Fábio Góis)
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