Depois de sucessivas semanas de debates – e principalmente de desencontros –, mais uma vez a Câmara promete votar a reforma política. A próxima tentativa ficou para amanhã, assim que o Plenário destrancar a pauta – há duas medidas provisórias para serem votadas hoje (10).
Os líderes partidários decidiram pôr em votação o mesmo texto alternativo que seria votado na última semana, mas que foi rejeitado pela Mesa Diretora. Ele foi renumerado.
A intenção é fatiar a reforma em três partes: financiamento público de campanha para eleições majoritárias; fim das coligações nas eleições proporcionais (de deputados e vereadores), com a instituição das federações entre partidos; e a fidelidade partidária.
“Voltamos ao ponto anterior”, afirmou Flávio Dino (PCdoB). “A reforma política não é um momento, é um processo”. Ele declarou ainda que a aprovação de qualquer um dos três pontos expostos acima já estaria “bom demais”.
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Pessimismo
Apesar da concordância de se votar a reforma política amanhã, muitos líderes partidários se mostraram pessimistas quanto ao seu futuro, principalmente pelo fato de o plenário da Câmara já ter dado vários sinais de que a reforma dificilmente sairá.
“Insistiram, tudo bem. Vamos derrotar o resto”, explicou Luciano Castro, líder do PR na Câmara. Luciano espera, contudo, que pelo menos seja aprovado o projeto sobre a fidelidade partidária – ele, inclusive, é autor de uma proposta (leia mais).
“Esse açodamento não leva a nada, não dá para fazer reforma assim”, reclamou o líder do PP, deputado Mário Negromonte (BA). Os líderes do PSDB e PSB, respectivamente Antônio Carlos Pannunzio (SP) e Márcio França (SP), também têm a impressão de que a Câmara não aprovará nada.
“A partir do momento em que a espinha dorsal da reforma caiu, que era o voto em lista fechada, todo o projeto deveria ter caído”, afirmou o tucano. Márcio França diz acreditar que até a fidelidade partidária pode ficar comprometida.
O presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), um dos patrocinadores da reforma política, insistiu bastante, durante a reunião do colégio de líderes, para que o projeto fosse votado, segundo contaram alguns dos participantes. Chinaglia avalia que a Câmara pode ficar com a imagem arranhada se não tentar aprovar a reforma. (Lucas Ferraz)
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