Sônia Mossri |
No Senado, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), não perdeu tempo. Enviou carta aos deputados e a todos os colegas senadores pedindo votos contra a emenda da reeleição. Com três assessores de imprensa, ele passou o dia dando entrevistas. Em todas, repetiu que acredita que o Palácio do Planalto está isento em relação à guerra da reeleição. "Não quero cargos nem compensação", afirmou Renan, que afirma não querer prêmio de consolação do governo no caso de Sarney conseguir mais um período de dois anos no comando do Senado. Para Renan, a idéia da reeleição é sinônimo de puro casuísmo. Aliás, isso é quase consenso no PMDB, excetuando-se os fiéis escudeiros do presidente do Senado, José Sarney (AP). O pior para o governo é que a insatisfação entre os senadores do PMDB é muito grande. Leia também A maioria alega que somente Sarney e a sua turma do Maranhão saíram ganhando até agora. A grande parte avalia que o partido recebeu muito pouco de Lula: dois ministérios sem expressão (Comunicações e Previdência Social) e sem recursos e nenhum poder de participação na definição das principais políticas do governo. Por sua vez, o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), não conseguiu unanimidade nem no seu partido. Pelo menos 30 dos 90 deputados petistas devem votam contra a reeleição, prevê o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP). O líder do PFL na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), também liberou a bancada. Na prática, o PFL está dividido e os aliados do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) fazem campanha pela reeleição. "Eu não tratei desse assunto porque não tem importância e não está na agenda do PFL", afirmou Aleluia. O relator do projeto da emenda constitucional da reeleição, deputado Paes Landim (PTB-PI), está confiante de que João Paulo já tem maioria para aprovação da sua recondução à presidência da Câmara. “Acho que a reeleição passa sem dificuldades”, observou. O ex-líder do governo na Câmara, Miro Teixeira (PPS-RJ), sempre se mostrou contra a reeleição, mesma posição do partido. Mesmo assim, Miro não consegue esconder sua simpatia pela idéia da reeleição de João Paulo e Sarney. “Acho que a emenda passa na Câmara”, aposta Miro. O irônico deputado Delfim Netto (PP-SP), que adora uma piada, dizia no cafezinho da Câmara: “Não vou desobedecer ao FHC (Fernando Henrique Cardoso)".O ex-ministro do Planejamento dizia que se arrependeu por não ter votado a emenda que permitiu a reeleição de Fernando Henrique e que, agora, não perderia a oportunidade por nada. |
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