Caiado reclamou do que chamou de assentamentos improdutivos (ou “‘favelamento’ rural”, segundo o senador) feitos pelo governo (“Quantos assentamentos já foram ‘desmamados’, já são autossuficientes?”) e passou a criticar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o tratamento dado ao setor produtivo rural. “Por que o Incra não tem preocupação com os seus assentados? Faça o que eu mando e não faça o que eu faço? É isso? Aos assentados a condição sub-humana; às propriedades rurais, os proprietários têm que responder por normas trabalhistas que não existem em nenhum outro lugar no mundo – são mais de 280 itens”, protestou Caiado.
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Mas o que gerou a discussão foi a menção às recentes manifestações contra o impeachment de Dilma, em atos solenes no Palácio do Planalto, quando líderes de grupos e entidades como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Donizeti Nogueira (PT-TO) convocaram suas hostes para ir às ruas contra o que consideram golpe de Estado. Caiado fez então referência ao discurso feito em 1º de abril, no Planalto, pelo secretário de Finanças da Contag, Aristides Santos, quando Dilma assinou 21 decretos de desapropriação de terras para reforma agrária.
Na ocasião, o dirigente exortou membros da Contag e entidades similares para lutar contra o impeachment. “Vamos ocupar as propriedades, as casas deles no campo. É a Contag e os movimentos sociais que vão fazer isso. Vamos ocupar os gabinetes, mas também as fazendas deles”, discursou Aristides Santos. Caiado lembrou o episódio. “A presidente, ao receber o discurso da Contag, passou a ele [Aristides] um Diário Oficial com 29 desapropriações. Na mesma hora”, declarou.
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Depois desse instante, brevemente interrompido pela senadora Fátima Bezerra (PT-RN), Caiado continuou nas firmes críticas ao ministro e à política de reforma agrária do governo. Foi então que o senador Donizeti Nogueira (PT-PI), que até então apenas ouvia a intervenção de Caiado, resolveu contestar o colega de Senado, provocando uma gritaria e troca de ofensas entre ambos. Donizeti menciona “o líder da UDR [União Democrática Ruralista, fundada em 1985]” e dá início a um bate-boca sobre assassinatos. “Nesse assunto vossa excelência é professor catedrático. Conhecedor profundo de assassinato”, rebateu Caiado.
“E o senhor é profissional em assassinato e em arrecadar dinheiro para mandar matar o trabalhador rural. O senhor, como representante da UDR, arrecadava dinheiro para mandar matar trabalhador rural”, treplicou Donizeti. No meio da confusão, é possível ouvir a senadora Fátima interceder em favor do colega de partido. “Lave a boca para falar do PT!”, vocifera a parlamentar, com o dedo em riste.
Veja no vídeo (a partir de 6min20):
A partir daí o que se vê é uma troca de insultos em plena audiência pública de uma comissão temática do Senado, com transmissão ao vivo para todo o sistema de comunicação da Casa.Diante da confusão incontrolável, a senadora Ana Amélia (PP-RS), que presidia a audiência pública, encerrou os trabalhos na comissão.
Não é a primeira vez que Caiado se envolve em bate-boca e troca de ofensas com um colega de Senado em uma comissão temática. Em 29 de outubro, como este site registrou, ele e o Ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, ofenderam-se mutuamente durante audiência pública da Comissão Mista sobre Mudanças Climáticas. Na ocasião, o senador goiano chegou a chamar Eduardo Braga, senador licenciado do PMDB, para a briga. Aquela sessão também foi encerrada devido à confusão.