Mário Coelho
Para poder assumir interinamente o governo do Distrito Federal, o deputado distrital Wilson Lima (PR) se licenciou no início da noite desta terça-feira (23) da presidência da Câmara Legislativa. Com a saída de Lima, a Câmara Legislativa do Distrito Federal volta a ser presidida pelo oposicionista Cabo Patrício, do PT. O ato que oficializa a entrada de Wilson Lima no governo do DF foi lido há pouco por Patrício, já como presidente em exercício da Câmara Legislativa. Após a leitura da carta de renúncia de Paulo Octávio e da manifestação de alguns parlamentares, os distritais encerraram a sessão e estão reunidos na sala da presidência. A pauta é a maneira com que o Legislativo vai se posicionar diante de um cenário novo, onde o titular do cargo – José Roberto Arruda (sem partido) – está preso há 12 dias e o vice acabou renunciando.
Nos discursos, deputados da base e da oposição defenderam a posse de Wilson Lima como governador em exercício e criticaram o pedido de intervenção federal apresentado em 11 de fevereiro pela Procuradoria Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF). Porém, discordaram sobre a renúncia de Paulo Octávio e à maneira com que a Câmara lidou com as denúncias apresentadas no inquérito 650DF, do Superior Tribunal de Justça (STJ), que revelou o mensalão do Arruda e o envolvimento de oito deputados titulares e dois suplentes no esquema de propina. “Renunciar ao cargo mostrou que ele teve a coragem de deixar o cargo mais importante político da nossa cidade”, disse a líder do DEM na Câmara, Eliana Pedrosa.
Primeira a se manifestar após a leitura da carta de renúncia pelo vice-presidente Cabo Patrício (PT), a líder do DEM fez uma defesa de Paulo Octávio. E ainda criticou seu próprio partido por não dar sustenção ao então governador em exercício. “Desfiliar-se do DEM significou dizer que ele não encontrou apoio em seu próprio partido”, disparou Eliana. “Ele teve coragem para que o DF pudesse reencontrar o seu caminho para que nossa população pudesse começar uma nova história e que esse fantasma da intervenção ficasse cada vez mais longe”, completou.
Já o distrital José Antônio Reguffe (PDT), defendeu que Lima não assumisse o governo. Para ele, deveria assumir interinamente o cargo o presidente do Tribunal de Justiça do DF (TJDF), Nívio Gonçalves. “Mas eu defendo bons projetos. E o que for bom para o Distrito Federal é bom pra mim”, afirmou Reguffe, único a se manifestar contrariamente à posse de Wilson Lima no governo do DF.
O líder do PT na Câmara, Paulo Tadeu, disse que Brasília vive um momento de crise profunda nessa cidade. “Ouvir elogios ao Paulo Octávio e críticas ao ministro da Justiça, eu não posso ficar calado”, retrucou Tadeu. Momentos antes, Eliana Pedrosa tinha condenado as declarações do ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, que considou bastante grave a situação do DF e criticou a postura dos parlamentares na condução da crise. “Se Arruda e Paulo Octávio tivessem renunciado no começo, Brasília não estaria vivendo o fantasma da intervenção”, retrucou o petista. “Nós temos que arrumar uma solução para a crise”, completou.
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