A possibilidade de racionamento de água no Distrito Federal é uma realidade cada vez mais próxima. Com volume de chuvas bem abaixo da média de janeiro dos últimos anos, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) já cogita a implantação da medida até o início de fevereiro. Isso porque os reservatórios do Descoberto e de Santa Maria, que abastecem 85% da população, estão com níveis baixos e sem perspectiva de melhora devido a ausência de chuvas na capital.
Apesar de passado apenas 10 dias do primeiro mês de 2017, em outros anos, conforme informou o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o volume de chuvas estava bem acima do registrado até agora. Desde o dia 1º de janeiro até hoje (quarta-feira, 11), foram registrados apenas 19,9 milímetros de chuvas. A média geral para todo o mês de janeiro, nos últimos anos, é de 247.4 milímetros. De acordo com informações da Caesb, os próximos dias serão definitivos para a implantação, ou não, do racionamento.
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O meteorologista Ailton Carvalho, do Inmet, explica que o veranico – estiada que ocorre em períodos chuvosos, com dias de muito sol e calor – ocorrido entre o final de dezembro e início de janeiro indica que as chuvas do período ficarão muito abaixo da média. A previsão do instituto é de tempo nublado com pancadas de chuva até o próximo final de semana, o que poderá aliviar o clima e evitar a redução no volume dos reservatórios.
Tarifa de Contingência
A tarifa de contingência já é uma realidade. Implementada desde outubro de 2016, a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico (Adasa) recorreu da liminar expedida pela Justiça do DF, que suspendia a cobrança, e a medida voltou a valer no dia 22 de dezembro.
Conforme resolução da Adasa, “a unidade usuária cujo consumo mensal de água ultrapassar 10m³ fica sujeita à Tarifa de Contingência”. Nestes casos, a fatura poderá chegar com até 40% de aumento. De acordo com o órgão, a medida vale durante o período de escassez e busca estimular a redução no consumo em função da ameaça de desabastecimento.
A Caesb informou que a tarifa será cobrada na conta do usuário e incidirá exclusivamente sobre o valor faturado da água. As especificações virão separadas e detalhadas na conta. “Cada usuário saberá exatamente quanto está pagando”, explicou a companhia. O percentual ficou definido em 40% para a categoria residencial normal, 20% para os usuários da categoria residencial popular e 20% para as categorias não residenciais (comercial, industrial e pública).
Outras medidas
Em novembro do último ano, a Caesb começou a reduzir a pressão nas redes de abastecimento de água do DF para tentar controlar a crise hídrica. A medida foi adotada para diminuir o consumo de água do reservatório do Descoberto, que abastece 60% da população e já estava com nível considerado crítico, em 20,42%. Na mesma época, o de Santa Maria apresentava apenas 40,96% da capacidade total.
A redução ainda está em vigor e atinge cidades como Ceilândia, Taguatinga, Samambaia, Candangolândia, Núcleo Bandeirante, Recanto das Emas, Riacho Fundo I e II, Gama, Santa Maria, Águas Claras , Vicente Pires, Arniqueiras, Colônia Agrícola Samambaia e Park Way. A Caesb informou ainda que está estudando estender a redução de pressão também para as áreas abastecidas pelo Sistema Santa Maria/Torto, que está com um nível de água um pouco melhor, mas também preocupante.
Questionada pelo Congresso em Foco sobre medidas para enfrentar a crise, a Caesb afirmou que está investindo em novas captações de água e afirmou ter retomado a obra de Corumbá, que estava parada desde o início de 2015. Em setembro do ano passado, também foi iniciada a obra de captação do Bananal, prevista para ser concluída até novembro deste ano. A captação fornecerá cerca de 700 litros de água por segundo. Também estão sendo realizadas campanhas publicitárias sobre o uso racional da água.
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