Essa é, em linhas gerais, a visão que os brasileiros com mais de 16 anos têm da investigação que sacudiu o mundo político, aprofundou o pessimismo em relação à economia nacional e mantém há vários meses a república sob estresse.
Os dados foram colhidos pelo instituto Paraná Pesquisas entre os últimos dias 24 e 27, em levantamento que ouviu 2.060 pessoas em 154 cidades, no Distrito Federal e em 23 estados.
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Em pergunta estimulada, nada menos que 65,6% dos entrevistados concordaram que “as investigações da Operação Lava Jato correm o risco de acabar em pizza”, enquanto outros 9,2% disseram que “talvez” seja esse o seu desfecho. Só para 24,6% não há tal risco.
Veja outros resultados da pesquisa.
Dilma, Lula e a Lava Jato
Para 83,5% dos brasileiros, a presidente Dilma Rousseff sabia dos esquemas de corrupção na Petrobras. O índice é um pouco maior para o ex-presidente Lula – 84,2%.
Na opinião de 75,7% da população, Dilma deveria fazer um pedido de desculpas ao país pelas roubalheiras reveladas pela Operação Lava Jato.
De quem é a responsabilidade
A “falta de fiscalização dos tribunais competentes” foi apontada por 42,9% como a principal responsável pela corrupção na Petrobras, bem acima da responsabilidade atribuída ao governo (26,1%), aos partidos políticos e às campanhas eleitorais (13,3%), aos diretores e funcionários da Petrobras (4,4%), às empreiteiras (3,2%) e aos deputados e senadores (2,7%).
Punições são consideradas leves
Para 54,2%, as prisões e demais punições já aplicadas contra réus da Lava Jato são consideradas penas “leves”. Só 3,8% consideram que “está havendo exagero”; 40,6% definiram as punições anunciadas até agora como “justas”.
Ceticismo
Embora a grande maioria (71,5%) considere positivas para o país as investigações em curso, contra apenas 21,4% que as qualificaram como negativas, nota-se ceticismo dos brasileiros em relação ao alcance da ação do Judiciário, da Polícia Federal e do Ministério Público.
Na opinião de 47,2% dos entrevistados, a Lava Jato deixará de fora “muita corrupção que não será apurada nem trazida a público”. O percentual é maior do que o daqueles que acreditam que “muita corrupção ainda será apurada e trazida a público” ou de quem pensa que “a maior parte da corrupção já foi apurada e trazida a público” (5,9%).
Para 48,6%, a corrupção no Brasil “continuará como está” após a Lava Jato; 8,6% acham que ela aumentará; e 41,6% creem que ela diminuirá.
Políticos com mandato
Com ligeira vantagem para a banda mais cética, a população se divide quase ao meio ao analisar as perspectivas de punição de políticos com direito a foro privilegiado (e portanto, sujeitos a julgamento do Supremo Tribunal Federal, em Brasília, e não da Justiça Federal em Curitiba, como os demais réus).
Para 47,8%, os políticos com mandato envolvidos com corrupção serão favorecidos e não “terão a mesma punição dos condenados da Operação Lava Jato”. Outros 43,6% acham que a punição será a mesma para os dois grupos.
A esmagadora maioria (83,2%) diz, no entanto, que nunca mais votará nos políticos envolvidos na Operação Lava Jato – lista encabeçada pelos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros.
Delações premiadas
Muito questionadas pelos advogados dos réus, as delações premiadas são apoiadas por 55,1% dos entrevistados e rejeitadas por 37,5%.
Conhecimento do caso e do juiz Sérgio Moro
Em todas as regiões do país, é bastante alto o percentual de brasileiros que dizem ter ouvido falar ou estar acompanhando as investigações da Lava Jato. Os números variam de 91%, nas regiões Norte e Centro-Oeste, a 94%, no Sudeste e no Sul. A média nacional também é bastante elevada: 93,5%.
Mas só 16,8% foram capazes de dizer o nome do juiz Sérgio Moro, que comanda a operação: 13% no Nordeste, 26% no Sul, 15,4 no Sudeste e 18,6%.
Privatização da Petrobras
A privatização da Petrobras foi rejeitada por 58,3% dos entrevistados e apoiada por 35,8%; 5,9% não têm opinião formada sobre o assunto ou preferiram não responder a pergunta.
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