O presidente da República em exercício, Michel Temer, minimizou nesta quarta-feira (8) a crise política e o acirramento das divergências entre governo e oposição. Ele afirmou que o Brasil vive “uma tranquilidade institucional extraordinária”.
Esta semana, o governo e sua base aliada têm se mobilizado para defender-se de eventuais pedidos de afastamento da presidenta Dilma Rousseff. Na segunda-feira (6), Temer reafirmou a legitimidade do mandato de Dilma. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, a presidenta afirmou que não cairá e classificou as tentativas de interrupção do seu mandato de “um tanto golpistas”.
“Por mais que muitas vezes se diga há esta ou aquela crise, o fato é que temos uma tranquilidade institucional extraordinária”, disse Temer em breve discurso na homenagem póstuma ao ex-presidente da Câmara Paes de Andrade.
Leia também
“A simbologia da figura do Paes de Andrade revela precisamente esse país que rompeu com o ciclo histórico em que a cada tempo tínhamos uma crise institucional. Hoje temos tranquilidade, para dentro de instituições democráticas, conduzir o país”, acrescentou.
Em tom de conciliação, Temer disse, em entrevista após a solenidade, que o embate entre o governo e a oposição sobre um eventual pedido de abertura de processo de impeachment deve ser evitado e que é preciso unir as forças políticas para melhorar o Brasil. “Temos que pensar no Brasil, que fazer uma grande unidade nacional, que mais do que nunca é necessário um pensamento conjugado dos vários setores da nacionalidade, portanto dos vários partidos políticos para que caminhemos juntos em benefício do Brasil”. Acrescentou que não vale a pena “levar adiante” qualquer discussão a respeito do assunto.
O presidente em exercício também reiterou sua permanência na articulação política do governo. “O vice-presidente da República colabora sempre com a articulação política, aliás a sua própria função de eventual substituto, como hoje se deu em face de viagem da presidenta, revela essa necessidade de articulação política permanente”.
As informações sobre uma eventual saída de Temer da articulação política começaram a circular na Esplanada dos Ministérios há uma semana, quando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu que o vice-presidente deixasse o cargo porque, no seu entender, está “sendo sabotado por parte do PT”.
Hoje, mesmo com a tentativa de Temer de minimizar crises, Cunha reiterou sua posição. “Eu já fiz a observação que tinha que fazer, no momento que tinha que fazer. Não vou, todo dia, fazer a mesma observação”, disse.
O presidente da Câmara defende que Temer conclua o processo de aprovação do ajuste fiscal antes de deixar a função, o que vai requerer um esforço de articulação nos próximos dias. “As duas Casas [Câmara e Senado] vão entrar em recesso no fim da semana que vem e esses dias que faltam ele tem que concentrar esforços para concluir o projeto de [votação do] ajuste fiscal, no Senado”, avaliou.
Cunha e Temer participaram de sessão solene em homenagem ao ex-deputado Paes de Andrade, que morreu no mês passado vítima de complicações decorrentes de uma cirurgia no estômago. Em discursos breves, os dois falaram sobre a trajetória política do ex-presidente da Câmara e o protagonismo do cearense, nascido em Mombaça, em questões humanitárias e pela redução de desigualdades.
O ex-parlamentar representou o estado na Câmara dos Deputados entre 1963 a 1999 e foi interlocutor de manifestações contra a censura à imprensa, a violação dos direitos humanos, as cassações de mandatos parlamentares, as prisões arbitrárias e a extinção de partidos políticos. Ele presidiu a Casa no período de 15 de fevereiro de 1989 a 2 de fevereiro de 1991.
Deixe um comentário