Como todo bom político, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) tem repetido nos últimos dias que não quer cargo, nem mesmo a presidência do Senado, substituindo José Sarney (PMDB-AP). “Não quero outro papel. Quero colaborar com o governo. O PMDB quer ter uma importância maior na formulação e definição de políticas do governo Lula”, disse ao Congresso em Foco.
Renan e o chefe da Casa Civil, José Dirceu, se falam praticamente todos os dias, sobretudo após a crise Waldomiro Diniz. O senador alagoano tornou-se, além do principal articulador do governo no Congresso, uma espécie de bombeiro do Palácio do Planalto na tarefa de apagar os freqüentes incêndios provocados pelos próprios petistas.
"Cada vez mais me convenço de que o ministro José Dirceu é insubstituível", afirmou Renan. Ele e Sarney avaliam que o Palácio do Planalto precisa dar uma resposta mais rápida à crise desencadeada pelo caso Waldomiro Diniz para afastar a imagem de paralisia no governo.
Renan se dedicou na última semana a tentar diminuir o mal-estar entre Sarney e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). Aliás, os senadores petistas andam copiando a performance dos colegas da Câmara e não param de criar dificuldades para o governo. O próprio Mercadante andou recebendo broncas do presidente Lula.
O aumento das atribuições de Renan, observa um experiente senador do PMDB, decorre da falta de coordenação na base aliada. Dirceu defende, inclusive, o ingresso de Renan no governo, no que é bombardeado pelo seu desafeto no Palácio do Planalto, o ministro da Comunicação Institucional Luiz Gushiken.
As dificuldades com a base aliada poderão render novas modificações no ministério Lula, mesmo a contragosto do presidente. Ministros petistas e líderes no Congresso acreditam que haverá necessidade de um novo arranjo de forças no ministério após as eleições municipais de outubro. As urnas vão dizer quem terá mais espaço.
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