João Vieira *
No intervalo que se estende entre a máxima capacidade de operar poder, e a mínima, isto é, cota nula, em destreza gerencial, se interpõem gradações várias da arte do mando. Esta, certamente, está mais para aptidão congenial, vale dizer, o dom, que para a mera colagem recursal do aprendizado! Existem, pois, aqueles que são craques na arte de mandar e os que são mais ou menos, sofríveis – até o marco zero ou a total nulidade em comando de pessoas ou processsos.
Convém trazer à lembrança que bom, bom mesmo de poder é aquele dirigente regimentalmente submisso aos parâmetros civilizacionais, quer dizer, obediente a preceitos éticos e princípios morais transubstanciados em “clausula pétrea” regulatória de todo e qualquer nível ou escala da arte de mandar.
O poder pelo poder, ou seja, o mando aético que mire somente os fins, não importando os meios (sejam eles quais forem, desde a negligência às fraudes, o roubo ou até o assassinato), caracteriza a anti-missão: o antifeito de coisa ruim, que conduz à truncagem do processo vital-evolucional desse nosso mundão de Deus!
A serem válidas uma tal opção operativa e visão das coisas, o protótipo ou modelito de mando eficaz seria o da máfia, como o encenado na trama de O poderoso chefão.
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A reflexão parece pertinente, quando agora muitos e muitos são os que se habilitam ao mando via unção eleitoral, sem falar das extensões constituídas dos que irão formar nas equipes auxiliares e de efetivação do poder instalado, assumido! Imprescindível se torna, porém, levar em conta que o fator poder, ou melhor dizendo, o fenômeno poder acha-se consignado no imemorial das escrituras, como em Romanos XIII,1. Elas rezam que todo poder vem de Deus! Por conseguinte, temos que o substantivo (poder) antecede e é mais – muito mais – representativo ou substancial que o sujeito! Quer dizer: a missão é mais significante e transcendente que o seu agente. Na ordem geral das coisas, ela é posta em fluxo de evolutividade ascendente… civilizacional!
É como escreveu o médico Gabriel Novis Neves, em matéria estampada em gazetadigital.com.br (18/10/06) sobre o Dia do Médico. Ao se referir às autoridades constituídas e a seu destino transitório, sumariza-as na expressão “plantonistas do poder”!
A “santificação” cívica de um poderoso, ou (para sermos exatos) plantonista do poder, dá-se freqüentemente, com ou sem legitimidade; com real fundamento ou não! Se legítimo, o sujeito da ação (excepcional) se transcende em símbolo que perdura e pode entrar para a história. Um exemplo? Juscelino Kubitschek de Oliveira, da mesma maneira que construtores da nacionalidade como José Bonifácio de Andrada, o patriarca. O oposto da mesma forma se faz freqüente, sendo até mais fácil listar exemplos: Hitler, Slobodan Milosevic, Stalin, Nero, Saddam Hussein…
Retornemos à sabedoria fontal das sagradas escrituras para dizer que está bem nos deixar guiar pelos timoneiros, sobretudo aqueles puros de intenções e zelosos no acatamento de parâmetros civilizacionais: os inalienáveis preceitos e princípios! Seja ressalvado, entretanto e novamente com base nas santas escrituras, que nunca se deve confiar muito nos homens, mas somente no Altíssimo.
Conclua-se inscrevendo que um poder bem assumido e exercido não padecerá, jamais, de tropeços, como a incerteza e a dubiedade. Ao contrário, há que ser duro e implacável e surpreendente às vezes, além de polarizado e consistente, sempre que o poder estiver associado à mão de Deus, zelosa do triunfo do bem. Quando fluido e frouxo, porém, o poder não serve a ninguém.
* João Vieira, sociólogo, é professor aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso e foi diretor do Museu Rondon. Colaborou José Rangel Farias Neto, jornalista em Brasília.
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