O veto da Executiva do PT para a aliança do partido com o PSDB em Belo Horizonte (MG) não afetará a relação com aliados históricos. A afirmação é do presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), que participou hoje (25) de um debate sobre a Conferência Nacional de Comunicação.
Berzoini declarou que o cenário em Belo Horizonte deve ser visto isoladamente. Ele considera que, justamente em razão das peculiaridades regionais desse contexto, o assunto não deve reverberar em outras regiões. Para o deputado, as campanhas municipais do PT em todo país não sofrerão qualquer tipo de abalo devido ao veto. “Vamos analisar caso a caso, quando os diretórios regionais encaminharem as solicitações de liberação de alianças para a Executiva”, disse o petista.
As declarações de Berzoini são oportunas: a cerca de um mês do fim das convenções municipais para o pleito de outubro, elas foram vistas por analistas políticos como um recado a parceiros históricos do PT – como PDT, PCdoB e PSB –, bem como aos próprios partidos da oposição.
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O temor entre os petistas era de que a posição inflexível da cúpula petista em relação à situação de Belo Horizonte pudesse azedar a relação com partidos que consideravam interessante a aliança com os tucanos.
À mineira
Uma potencial aliança em Belo Horizonte colocaria em evidência o nome de Márcio Lacerda, que é secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico da prefeitura de BH e filiado ao PSB. Lacerda é o candidato do consenso entre o prefeito da capital mineira, o petista Fernando Pimentel, e o PSDB mineiro, com o apoio de o próprio governador de Minas Gerais, o tucano Aécio Neves.
A cúpula petista justifica o veto alegando o desdobramento nacional de uma aliança com um dos principais adversários do partido, que certamente lançará candidato próprio nas eleições presidenciais de 2010. Aliás, Aécio Neves, um dos mais interessados na aliança PT-PSDB em BH, é um dos mais prováveis nomes a serem lançados pelo tucanato ao pleito presidencial. Outro tucano certo entre as preferências do PSDB é o governador de São Paulo, José Serra.
O secretário de Desenvolvimento Econômico tem relações com o deputado Ciro Gomes (CE), vice-líder do PSB na Câmara: em 2002, doou R$ 950 mil (82% do total arrecadado) à campanha do então presidenciável do PPS, Ciro Gomes. Na condição de ministro da Integração Nacional, Ciro retribuiu o gesto e nomeou Lacerda para o cargo de secretário-executivo da pasta.
De acordo com interlocutores do PSB, Ciro teria ficado contrariado com a decisão da executiva petista, argumentando que um apoio incondicional e de longa data do partido para com o PT não foi levado em conta. (Fábio Góis)
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