O Banco Central contrariou a expectativa criada durante o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ao reduzir ontem (24) a taxa básica de juros em apenas 0,25 ponto percentual. Com isso, por cinco votos a três, a Selic cai de 13,25% para 13% ao ano.
Apesar da queda na taxa nominal, o Brasil segue como líder no ranking das nações com as taxas de juros reais mais altas do mundo. A redução de 0,25 ponto interrompe uma seqüência de cinco cortes seguidos de 0,50 ponto percentual.
O anúncio do Comitê de Política Monetária (Copom) esfriou as expectativas de representantes do setor produtivo em torno do alcance das medidas do PAC, divulgadas na segunda-feira pelo governo federal.
Sinais trocados
“Nem parece que o Copom integra o mesmo governo que, há apenas dois dias, anunciou um grande e abrangente programa voltado à expansão do PIB. É paradoxal", disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.
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Na segunda-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, cobrou, em tom de brincadeira, do presidente do BC, Henrique Meirelles, a redução dos juros. "O mercado está esperando uma redução da taxa Selic. A continuação [do processo de queda], viu, Meirelles?", disse o ministro.
Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), havia espaço para uma redução maior da Selic.
"Se há uma percepção de que o ambiente macroeconômico do país está equilibrado, se não existem pressões inflacionárias de curto prazo, havia espaço para uma redução de, no mínimo, 0,5 ponto percentual na taxa de juros", afirmou.
Centrais descontentes
O mesmo tom de reprovação foi adotado pelas centrais sindicais. Em nota, o presidente da CUT, Artur Henrique classificou a decisão do BC como decepcionante.
"Nem mesmo o anúncio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sinalização política do governo federal com vistas ao crescimento, retirou o manto da mesmice e da falta de coragem que obscurece a mente desses nobres cavalheiros”, disse.
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, afirmou nesta quarta-feira por meio de nota que a queda de 0,25 ponto na taxa básica de juro (Selic) é "um banho de água fria no morno” PAC. Segundo o deputado eleito, é impossível crescer 4,5% neste ano com o "excesso de conservadorismo e com uma taxa de juros nesse patamar".
A explicação do Copom
Em nota, o Copom justificou sua decisão. "Diante das incertezas associadas ao mecanismo de transmissão da política monetária, e considerando que os efeitos das reduções de juros desde setembro de 2005 ainda não se refletiram integralmente na economia, o Copom avalia que a decisão contribuirá para aumentar a magnitude do ajuste a ser implementado", afirma o comunicado do BC.
Um fator que pesou contra uma redução maior, de 0,5 ponto percentual, foi o aumento da inflação no final de 2006 e início deste ano. O IPCA 15, divulgado ontem (24), mostra um aumento da inflação neste início de ano por conta dos aumentos das tarifas de transportes públicos e de combustíveis. A próxima reunião do comitê está agendada para os dias 6 e 7 de março.
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