Por meio de sua assessoria, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, confirmou ter se encontrado na última quarta-feira, em Brasília, com o banqueiro Daniel Dantas, conforme diz a Veja desta semana. Mas contestou a informação da revista de que o encontro teria resultado numa trégua. A reunião, que aconteceu na casa do senador Heráclito Fortes (PFL-PI), teria ocorrido apenas para que o banqueiro informasse diretamente a autoridades do governo que ele não repassou documentos que comprometem petistas à revista.
Segundo a publicação, o ministro e o banqueiro selaram um acordo: “o governo não colocaria a Polícia Federal na cola do banqueiro desde que Dantas e seu investigador fechassem a boca”. O dono do grupo Opportunity também teria se comprometido a impedir que seus “sócios e cúmplices” fizessem revelações que comprometessem ex-dirigentes do PT.
Em nota divulgada sábado, Dantas admite apenas que esteve em Brasília para prestar, oficialmente e por escrito, esclarecimentos às autoridades citadas pela matéria original de Veja. Na edição da semana passada, a revista informou ter recebido por meio de um ex-espião da agência de investigações Kroll, que trabalhava para o banqueiro, documentos com supostas contas, em paraísos fiscais, do presidente Lula, do próprio ministro da Justiça e do diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, entre outros.
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Na edição desta semana, Veja admite que o “Dossiê Dantas”, divulgado por ela, pode ser falso. “A lista não provava nada. De fato não prova – nem Veja pretendeu o contrário. Ao publicá-la, a revista quis tão-somente mostrar que tinha em seu poder papéis repassados por Dantas”, minimiza a revista.
Ao Ministério Público
Veja mantém a versão de que o banqueiro ofereceu o material pessoalmente à revista e o entregou por intermédio de Frank Holder, ex-diretor da Kroll. “A operação envolveu vários emissários de Dantas, o próprio banqueiro e deixou registros e gravações suficientes para ocupar várias edições de Veja.” E diz que encaminhou na semana passada ao procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, todos os 41 documentos de que dispunha sobre o caso para que o Ministério Público leve adiante as investigações.
Dantas nega ter repassado os documentos. “Não sou o responsável e não forneci as informações publicadas na citada matéria. Não solicitei a quem quer que seja, investigações no país ou no exterior, a respeito da vida privada e financeira de autoridades brasileiras.”
A reportagem diz ainda que obteve uma ata, em poder da Justiça americana, escrita pela Kroll, resumindo uma conferência telefônica realizada em 10 de fevereiro de 2005 entre diretores da empresa de espionagem e o banqueiro.
“Nela, Dantas faz revelações. Diz que o então ministro José Dirceu (Casa Civil) e o governo do PT como um todo comprometeram-se a defender os interesses do Opportunity. Para isso haveria uma condição: que eles não fossem investigados pela Kroll. Dantas descreve setores da Polícia Federal como corruptíveis e mercenários. Curiosidade: também participou da conferência telefônica o espião Holder, a quem Dantas agora alega mal conhecer.”
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