Dia desses, cumprindo minha rotina diária de leitura de jornais do planeta, deparei-me com uma significativa notícia publicada no jornal “O País”, de Moçambique – uma daquelas notícias dignas de reflexão.
O título da matéria trazia que “faltam sanitários públicos em Maputo”. Advertiu-se, em seguida, que “a poluição ambiental provocada pela urina deliberada está a ficar fora do controle das autoridades municipais”. Registrou-se que “quando não é possível se esconder junto de um contentor para urinar, os transeuntes aflitos recorrem às árvores, postes e pilares de painéis para espalhar imundície”.
Explicando o fenômeno, “algumas pessoas revelaram que a situação se deve à falta de sanitários na via pública”. Ouvido pela reportagem, um cidadão de nome Nunes Emílio declarou que “é pouca vergonha a realidade da Cidade de Maputo. Não há casas de banho”.
Ouviu-se, em seguida, uma mulher de nome Lola Mangahe: “Imagine eu de calças e no meio desta multidão, como é que posso fazer para encostar num contentor ou numa árvore para urinar? Se tivesse sanitários, em todas as paragens, nem os homens nem as mulheres urinariam de qualquer maneira”.
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Consultado, o ambientalista Aguiar Baquete, ponderadamente, salientou “os riscos causados por esta poluição, a começar pelo pudor, a exposição da imagem da pessoa, a contaminação dos solos, as doenças, entre outros”.
O jornal conclui a matéria recordando o artigo 49 de uma certa Resolução Municipal nº 15/2004, a qual “proíbe que se urine ou que paute por práticas de fecalismo a céu aberto. Porém, na Cidade de Maputo, esta medida é totalmente ignorada”.
Decidi verificar a quantas anda o PIB de Moçambique. É de apenas US$ 14,69 bilhões. Seguramente reside aí o motivo de não serem disponibilizados banheiros públicos em quantidade suficiente para a população.
Agora vá à janela. Contemple o Brasil e veja, com olhos de ver, seus semelhantes fazendo a mesma coisa por conta da escassez de banheiros públicos – um quadro deplorável que nos humilha a todos.
Quanto ao nosso país, arrisco dizer que a explicação também é essa – em 2015, nosso PIB foi de apenas US$ 1,7 trilhão. Ou seja, realmente nítida a falta de recursos para a construção de banheiros públicos.
Fiquei a recordar Rousseau: “a higiene é muito mais uma virtude que uma ciência”.
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