Guillermo Rivera*
Alguns partidos passarão pelo delicado processo de escolha de líderes na paz. Nesses casos, o candidato deve ser aclamado com a benção de toda a bancada. Outros decidiram, desde o ano passado, manter os seus líderes para enfrentar o processo eleitoral de 2006 sem ruptura.
Dos quatro grandes partidos com assento no Senado (PFL, PMDB, PSDB e PT), pelo menos três não terão qualquer espécie de disputa, optando pelo continuísmo ou pela harmonia. No PMDB, por exemplo, o mandato do líder dura dois anos, para que não haja troca em ano eleitoral. Assim, Ney Suassuna (PB) segue à frente do partido até o começo do ano que vem.
Se na Câmara o PSDB ainda não decidiu a indicação do novo líder por causa da disputa interna pela definição do candidato tucano à presidência da República, no Senado o partido navega em águas tranqüilas. O senador Arthur Virgílio (AM), que ganhou projeção como franco-atirador do governo Lula, foi reconduzido ao cargo no dia 14 de dezembro pela terceira vez consecutiva.
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Outro partido que, prudentemente, optou pela manutenção de suas lideranças no Congresso foi o PFL. O senador José Agripino Maia (RN) foi reconduzido ao cargo pela terceira vez consecutiva. Na Câmara, o deputado Rodrigo Maia (RJ), filho do prefeito do Rio, César Maia (pré-candidato do partido à sucessão presidencial), também permanece à frente da bancada até o final do ano.
Mais do mesmo
O PT parece ter aprendido a lição. Também não quer mudar nada na liderança da Câmara. Henrique Fontana (RS) é candidato natural à reeleição, contando com o apoio da maioria da bancada. No cargo há pouco mais cinco meses, Fontana assumiu a função em agosto, no lugar do deputado Paulo Rocha (PA), que renunciou ao mandato parlamentar após ser acusado de ter recebido recursos ilegais do empresário Marcos Valério Fernandes.
De lá pra cá, Fontana superou a desconfiança da ala esquerda do partido, que se recusou a apoiar a sua indicação ao cargo, cobrando um líder menos identificado com o Planalto. Segundo o deputado Adão Pretto (PT-RS), esse temor de subordinação ao Executivo não existe mais. “Fontana tem o apoio da maioria da bancada, inclusive da ala esquerdista do partido. Ele é mais esquerdista do que outra coisa”, disse Pretto, que aposta na sucessão do colega.
Mas PT é sempre PT. Caso o atual líder mude de idéia, o partido já tem outros dois nomes para ocupar o posto: os vice-líderes Luiz Sérgio (RJ) e Fernando Ferro (PE).
Os outros
Já as bancadas menores do Senado adotam, em sua maioria, o sistema utilizado pelo PMDB, elegendo líderes somente em anos ímpares (sem campanha eleitoral). Não há novidades, portanto, no PDT, no PL, no PSB e no PTB, que mantêm seus respectivos líderes neste ano.
O PPS tem, teoricamente, dois nomes na disputa pela sucessão da liderança na Câmara – Fernando Coruja (SC) e Nelson Proença (RS). Ambos foram indicados pela Executiva nacional da legenda, depois de uma reunião na última terça-feira (31). Porém, o próprio Nelson Proença afirmou ao Congresso em Foco que abriu mão da disputa. “Alguns companheiros me honraram com a escolha, mas decidi não mantê-la”, afirmou. “Apóio Coruja, pois sou pré-candidato a governador no Rio Grande do Sul, e fica difícil conciliar isso com a liderança”, explicou.
No PTB, os 42 deputados optaram pela permanência de José Múcio Monteiro (PE) à frente da bancada. Aliado do Planalto, o pernambucano está à frente do cargo desde 15 de outubro de 2003, quando sucedeu na liderança o ex-deputado Roberto Jefferson (RJ), então guindado à presidência nacional do partido.
Sem liderança
As menores bancadas não terão problema para escolher seus líderes. Na Câmara, bancadas com menos de sete integrantes sequer têm liderança. É o caso do PSC (seis deputados), do recém-fundado PMR (dois deputados), do Prona (dois deputados) e do PTC (cujo único representante é o deputado Carlos Willian).
Rodízio
Já o PV, que tem oito deputados, faz um rodízio com seus integrantes, de forma pré-ordenada. O nome da vez é Sarney Filho (MA), que retomou o cargo em setembro, após um ano de afastamento da função, e deve permanecer à frente da bancada até junho.
O sistema de rodízio também vai funcionar no Psol. O partido fez sua primeira escolha de líderes em outubro do ano passado, quando conduziu Luciana Genro (RS) ao cargo. Segundo o deputado Chico Alencar (RJ), o partido deve implantar o rodízio para que, até o final da atual legislatura (31 de janeiro de 2007), todos os sete deputados tenham ocupado a liderança. “Em média, cada deputado deve ocupar a liderança a cada dois meses”, calcula. O novo líder do Psol na Câmara deve ser anunciado em março. O partido ainda discute se o sucessor de Luciana será Babá (PA) ou João Alfredo (CE).
O líder do PCdoB, Renildo Calheiros (PE), deve abrir mão do cargo que acumula hoje com a vice-liderança do governo na Câmara para dar vez a companheiros mais críticos ao Planalto. Os mais cotados para sucedê-lo são Jandhira Fegali (RJ) e Daniel Almeida (BA). A decisão dos comunistas sai ainda nesta semana, a tempo de permitir a aclamação do nome no dia 15.
*Colaborou Andrea Vianna
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