Renata Camargo
Lamentada por entidades civis, a saída da ministra Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente foi comemorada por parlamentares da bancada ruralista. A ministra era vista como “entrave” às pretensões expansionistas dos produtores. O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) considerou o pedido de demissão de Marina "altamente positivo para o país".
Na opinião do petebista, a petista é uma “xiita, com mentalidade retrógrada”. "Ela não sabe conciliar meio ambiente e desenvolvimento", disse o senador em relação à colega. Marina deve reassumir nos próximos dias seu mandato no Senado, no lugar ocupado há cinco anos por Sibá Machado (PT-AC).
Para o também senador Expedito Júnior (PR-RO), chegou a hora de um “sangue novo” no Ministério do Meio Ambiente. O parlamentar reconhece a importância do trabalho da ex-ministra Marina Silva, mas diz que é preciso que o sucessor de Marina traga novas idéias. "Reconheço que ela foi importante na defesa das florestas. Mas já foram seis anos no Ministério. Está na hora de novas discussões", considera.
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Um dos principais coordenadores da bancada na Câmara, o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) preferiu não avaliar a saída da ministra. "Nem estamos preocupados com isso. A bancada não avaliou nada sobre isso", disse.
Resistências internas
Na carta de demissão enviada ao presidente Lula, Marina não escondeu que seu pedido está relacionado a atritos dentro do próprio governo. Dificuldades essas que, segundo ela, prejudicaram o prosseguimento do que chamou de “agenda ambiental federal” (leia mais).
“Vossa Excelência é testemunha das crescentes resistências encontradas por nossa equipe junto a setores importantes do governo e da sociedade”, afirmou, dirigindo-se ao presidente. “As difíceis tarefas que o governo ainda tem pela frente sinalizam que é necessária a reconstrução da sustentação política para agenda ambiental", acrescentou.
Marina vem enfrentando resistência direta de três ministros. Com Dilma Rousseff (Casa Civil), os atritos foram gerados por causa do edital para as concessões do leilão das usinas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira (RO).
No caso do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, o desentendimento estava associado ao incentivo dado por ele ao plantio da cana em áreas degradadas de regiões como a Amazônia e o Pantanal. A petista também não estaria de acordo com a decisão do presidente de entregar para o ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, a coordenação do Plano Amazônia Sustentável (PAS).
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