Fábio Góis
O clamor das ruas movimentou há pouco o clima de expectativa desta tarde no Senado. Um grupo de manifestantes ocupou as galerias superiores do plenário e, com faixa e máscaras nas quais se lia “fora, Sarney”, foi retirado do local pelos policiais legislativos.
Durante a intervenção da polícia legislativa, uma mulher chegou a ser derrubada escada abaixo, ao lado do acesso aos acentos da galeria. A truculência dos agentes também foi apontada por fotógrafos e cinegrafistas que registravam a sessão não deliberativa à espera de um possível discurso do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP).
“Nós viemos aqui para nos manifestar. Alguns de nossos companheiros faziam o protesto silenciosamente e foram agredidos pelo seguranças, como está acontecendo agora”, protestou o presidente da Confederação Nacional de Lutas (Conlutas), Atenágoras Lopes, com um agente pressionando por sua saída do local. “Viemos protestar contra o senador José Sarney e esse Senado corrupto!”
O coro foi reforçado pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), Vivaldo Moreira. “A sociedade brasileira não aceita mais esse Senado corrupto. Queremos o fechamento deste Senado e a adoção da Câmara única”, defendeu Vivaldo, desencadeando gritos de “fora, Sarney” enquanto o grupo era conduzido para a área externa ao Salão Negro do Congresso.
A manifestação não chegou a alcançar o êxito almejado, embora tenha conquistado a ampla atenção da imprensa. “Manifestações como essa não são permitidas do ponto de vista regimental, bem como não é permitida a violência para reprimi-las”, disse ao Congresso em Foco o senador Adelmir Santana (DEM-DF), que chamou a Polícia Legislativa do Senado para impedir o manifesto.
A hipótese de que o tumulto teria sido evitado se os agentes tivessem percebido naturalmente a manifestação não convenceu Adelmir, para quem as máscaras e a faixa não deveriam ter sido utilizadas no protesto. “Não havia policiais naquelas imediações. Foi por isso que eu os chamei.”
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