O chefe-de-gabinete do senador Magno Malta (PL-ES), Hazenclever Lopes Cançado, tentou isentar o parlamentar de envolvimento com a máfia das ambulâncias. Em depoimento nesta terça-feira (12) ao Conselho de Ética do Senado, o assessor afirmou que Magno não sabia que um carro utilizado por ele no estado fora comprado pela Planam.
"Eu tenho certeza de que o senador não tinha noção de que estava sendo acusado de alguma coisa", afirmou Cançado. Em depoimento à CPI dos Sanguessugas, o empresário Darci Vedoin, um dos sócios da Planam, disse que Magno usou um Fiat Ducato que teria sido entregue ao deputado Lino Rossi (PP-MT) em troca de emendas para a compra de ambulâncias.
Esse foi o indício que motivou a citação de Magno no relatório da CPI. O presidente da comissão, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-SP), disse que, mesmo sem receber dinheiro indiretamente, o fato de utilizar um carro dado como propina já caracterizaria quebra de decoro.
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O assessor afirmou que Lino Rossi havia se comprometido a esclarecer toda a situação para livrar o senador da acusação e que, se fosse preciso, iria até o Espírito Santo para confirmar que o automóvel não pertencia a Magno.
Cançado disse que não conhecia os empresários Darci Vedoin, Luiz Antonio Vedoin, Romildo Medeiros, sócios da Planam, e a ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, apontada como o braço da quadrilha no Executivo. Em seguida, disse que o senador foi envolvido no esquema injustamente.
Caminho torto
Depois do depoimento, o relator do processo contra Malta, Demóstenes Torres (PFL-GO), tentou explicar aos jornalistas como o Ducato teria chegado às mãos do capixaba. Segundo ele, o carro foi comprado novo pela Planam numa concessionária e registrado em nome de Lino Rossi. O deputado devolveu o automóvel à agência e recebeu R$ 50 mil.
O furgão foi comprado por José Luiz Cardoso, registrado em nome dele e devolvido outra vez à loja, mas sem mudança de proprietário. Então o senador Magno Malta pediu na concessionária um veículo nas mesmas especificações e recebeu o Ducato. Entretanto, o carro adquirido ainda estava em nome de José Luiz e assim ficou até que Cançado pediu a transferência para Kelly Batistelo.
"Isso está parecendo novela mexicana, pois ninguém sabe quem foi que deu esse carro. Eles criaram uma bolha que nós temos que furar", afirmou Demóstenes. No entanto, o senador não soube explicar quem é Kelly Batistelo.
Diante das dúvidas, o relator pediu uma acareação entre Cançado e Darci na próxima quarta-feira (20) para esclarecer o caso. Lino Rossi havia sido convidado para depor, mas não compareceu e agora só poderá ser ouvido pelo Ministério Público ou pela Polícia Federal, já que o Conselho não tem poder para convocá-lo. Hoje (12), Malta arrolou outras três testemunhas de defesa. (Renaro Cardozo)
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