Durante o tempo em que governou São Paulo, Geraldo Alckmin conseguiu impedir a criação de 69 comissões parlamentares de inquérito (CPIs) propostas na Assembléia Legislativa (AL) para apurar diversos atos praticados em sua administração. Afastado do cargo para disputar a Presidência da República pelo PSDB, ele agora corre o risco de ser, finalmente, alvo de investigações do Legislativo estadual.
Na última sexta-feira, a agência de notícias Carta Maior informou que o presidente da Comissão de Finanças e Orçamento da AL paulista, deputado José Caldini Crespo (PFL), quer criar uma CPI para investigar 973 contratos da administração estadual que o Tribunal de Contas do Estado considerou irregulares. Esses contratos, conforme Caldini Crespo, trouxeram para os cofres estaduais perto de R$ 2 bilhões em prejuízos.
Agora, o jornal O Globo noticia, em sua edição desta segunda-feira, que o filho do ex-governador, Thomaz, deverá ser convidado pela Assembléia Legislativa para explicar a sociedade com Suellen, filha do acupunturista Jou Eel Jia, médico de Alckmin e de sua família. As relações entre Jou Eel Jia e o pré-candidato tucano já estão sendo investigadas pelo Ministério Público Estadual.
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Os promotores supeitam que o ex-governador teve influência na decisão de estatais paulistas de comprar publicidade na revista Ch’an Tao, mantida pelo acupunturista. Também examinam denúncia de que a Secretaria de Estado da Educação pagou a Jou R$ 1,044 milhão para treinamento de professores. E apuram, finalmente, se a empresa JT Comércio e Distribuição de Produtos Naturais (da qual Thomaz e Suellen são sócios) fornecia produtos para o spa do acupunturista em que foram desenvolvidas as atividades contratadas pelo governo Alckmin.
Segundo a matéria de O Globo, assinada por Germano Oliveira, o deputado estadual Roberto Simões é quem vai solicitar que Thomaz seja ouvido pela AL. Considerando “imoral” o relacionamento entre Alckmin e seu médico particular, o parlamentar também é o autor do pedido de criação de uma CPI para investigar a Nossa Caixa, que é acusada de favorecer políticos ligados ao ex-governador na distribuição de verbas publicitárias.
De acordo com a reportagem, Luiz Salgado Ribeiro, assessor do ex-governador, afirmou em nota que “todo o trabalho feito pelo Dr. Jou tem sido voluntário e gratuito”. Conforme o assessor, o valor de R$ 1,044 milhão se refere ao pagamento de diárias e transporte para 29 mil professores treinados pelo acupunturista. Ele também nega que a JT forneça ervas para o spa em que os servidores participaram das atividades de treinamento. “Lá são usadas plantas produzidas na própria fazenda”, afirmou.
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