O momento atual tem sido propício para que se reflita sobre o futuro do planeta. Diversas conferências mundo afora demonstram que a Terra começa a ser afetada fortemente pela poluição gerada pela ação do homem. Além do chamado efeito estufa, que significa o aquecimento global e sua série de conseqüências que afeta o clima, a escassez de uma das principais matérias-primas do desenvolvimento do mundo, o petróleo, colocaram na pauta uma alternativa importante que é a dos biocombustíveis. E, em relação ao tema, o Brasil é um país que tem muito a contribuir.
Durante os governos militares, destacaram-se as pesquisas que levaram ao surgimento do álcool como combustível para os automóveis, tornando o país um dos pioneiros nessa área, durante a chamada “crise do petróleo” dos anos 1970. Com os óbices encontrados, essa alternativa acabou sendo deixada de lado, mas agora, quando volta a preocupação mundial sobre o petróleo, os biocombustíveis retornam à pauta e, com o Brasil no centro das discussões. Prova da relevância é o tema ser tratado na visita ao país do presidente George W. Bush.
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O pioneirismo do Brasil nesse tema vem de algum tempo. Na década de 1970 houve a experiência com o álcool para abastecer veículos automotivos. Também naquela época, pelos idos de 1979, o engenheiro químico paulista Expedito Parente desenvolveu o bioquerosene, que chegou a ser usado num avião bandeirante da Embraer, em outubro de 1984. Apesar de a experiência ter sido exitosa, o governo da época engavetou o projeto. No entanto, sabe-se que desde o ano passado a Boeing, empresa norte-americana de aviões, está testando em laboratório o bioquerosene criado por Parente. Esse tipo de combustível é produzido com óleo extraído de plantas como o babaçu, típica do Nordeste.
A pesquisa desenvolvida pela Boeing já chamou a atenção de mais instituições. A Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa) acompanha os testes da empresa com bastante interesse. O ressurgimento do bioquerosene aconteceu há pouco, em 2005, durante uma Conferência Internacional de Tecnologia, coordenada pela Organização das Nações Unidas, na China. O experimento do engenheiro brasileiro chegou inclusive a receber um prêmio: o troféu Blue Sky Award (prêmio “Céu Azul”, em bom português).
O tema ainda é novo para muitas pessoas, que se acostumaram ao tempo da fartura no que se refere à gasolina e outros derivados do petróleo. O Brasil ainda tem um bom tempo para explorar as suas reservas de combustíveis fósseis. Mas o futuro com escassez de petróleo já é vislumbrado. Sendo assim, é importante que o país esteja no centro entre as nações que têm projetos alternativos, que, sobretudo, podem gerar empregos e riqueza. E, melhor ainda, quando se sabe que as boas idéias, guardadas há tempos, começam a ser desveladas.
*Paulo Pimenta (PT-RS), 42 anos, é deputado federal e jornalista.
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