Mário Coelho
No início do primeiro semestre legislativo de 2010, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), afirmou que hoje é um administrador, um “tocador de obras em tempo integral”. Lida pelo secretário de Governo, Flávio Ramos Giussani, a mensagem do chefe do Executivo diz que o compromisso da Câmara Legislativa é com Brasília e com os brasilienses. Como uma espécie de prestação de contas aos distritais, boa parte do texto foi dedicada a mostrar projetos do governo que já foram executados e outros que devem ser encerrados até 31 de dezembro.
No texto, Arruda lembrou da mensagem lida por ele mesmo em 2009, quando compareceu ao início dos trabalhos na Câmara. Disse que o Distrito Federal sofreria “impactos sensíveis” por conta da crise enconômica mundial. Ele traçou um paralelo com a atual situação, quando seu governo vive uma grave crise política após a descoberta do mensalão do Arruda, esquema de propinas revelado pela Operação Caixa de Pandora, em 27 de novembro. Descoberto por conta de depoimentos do ex-secretário de Relações Institucionais do DF Durval Barbosa, o escândalo atingiu membros do Executivo, do Legislativo e o próprio Arruda. “Vivemos um momento diferente, com motivações e implicações diferentes”, afirmou.
A mensagem foi lida no começo da sessão, antes de os deputados elegerem o novo presidente da Câmara Legislativa. Até o momento, o mais cotado para assumir o cargo, após a renúncia de Leonardo Prudente (sem partido), é Wilson Lima (PR), apontado como candidato do Palácio do Buriti. No documento, Arruda afirmou que “toda crise passa, o que diferencia é como cada pessoa escolhe para atravessá-la”. Na visão dele, a crise continua por conta de um distencionamento político. “Hoje venho à esta Casa despido de amarras partidárias e despido de pretensões políticas. Estou diante dos senhores como um administrador. Minha única ambição é continuar meu governo”, dise, no texto lido pelo secretário de Governo.
“De um lado, as denúncias que machucam e massacram, do outro lado cumprir meus compromissos por Brasília. É assim que levanto a cabeça”, disse o governador. Arruda disse ser hoje somente um administrador, um “tocador de obras em tempo integral”. Ele agradeceu o apoio dos familiares, dos “amigos sinceros”, colaboradores e técnicos. “No meio de tantas dificuldades que tenho vivido, tenho procurado minhas forças para concluir todas as obras que iniciamos, e todos os compromissos que assumi com Brasília. Em períodos de turbulência, tudo fica mais difícil, os obstáculos se multiplicam. Tudo isso só faz crescer minha determinação em cumprir minha missão. Há muito do que fazer”, afirmou.
A partir deste momento, a mensagem tornou-se uma verdadeira prestação de contas do governo Arruda. Ele citou o que considera avanços em desenvolvimento econômico e social. Apontou resultados na erradição do analfabetismo, a quantidade de alunos que concluíram cursos nas escolas técnicas no DF, a criação dos campus da Universidade de Brasília (UnB) em Ceilândia e no Gama, a regularização de 17 mil lotes em condomínios horizontais e a construção de 200 postos policiais até o fim do ano. Durante a campanha, Arruda tinha prometido a construção de 300 postos policiais.
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