Um professor do Colégio Militar de Brasília (CMB) foi afastado das atividades docentes após ter feito comentários sobre a abordagem da Polícia Militar (PM) durante o ato em defesa da democracia, convocado por torcidas organizadas, que ocorreu no último domingo (31), em São Paulo.
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Em uma live da disciplina de geografia para alunos do 9º ano do ensino fundamental, o docente criticou a diferenciação da ação policial entre os que participavam da manifestação pró-governo e pró-democracia, que ocorreram no mesmo dia.
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Veja o trecho da videoaula:
O professor utilizou como exemplo a atuação da PM quando uma mulher que participava dos protestos em apoio ao governo Jair Bolsonaro, que carregava um taco de beisebol, foi acompanhada por policiais para longe do local da manifestação. O professor comparou que os que manifestavam pela democracia foram dispersados com violência e uso de bombas de gás lacrimogêneo.
Publicidade“No domingo, vocês devem ter acompanhado os dois protestos. Uma senhora branca, falsamente com uma bandeira do Brasil nas costas, alguma coisa assim, patriota de araque que ela é, e com um tremendo de um taco de beisebol. Para fazer o quê? O policial: ‘Não, minha senhora, saia daqui e tal’. Enquanto que os outros manifestantes foram tratados a bombas de gás lacrimogêneo. Então, dois pesos e duas medidas, tá? Para vocês refletirem em que mundo de escuridão a gente está se metendo”, falou o professor.
O docente também relacionou a postura da PM com o fascismo. “E é esse o problema. Esse é o problema porque isso tudo se remete a um fascismo, que a gente não quer mais isso no mundo. Esse mundo é de todos. Branco, negros, índios, o que vocês quiserem”, disse.
Em uma outra live, feita na quarta-feira (3), convocada pelo diretor do colégio, coronel Carlos Vinícius Teixeira, para tratar com os pais e responsáveis dos alunos da escola assuntos sobre a plataforma de ensino virtual adotada e as aulas adaptadas para o ensino a distância, por causa da pandemia da covid-19, o diretor comentou brevemente a atitude do professor e comunicou o afastamento.
“Eu gostaria de abrir rapidamente aqui um parêntese para comentar, até com o intuito de evitar boatos e especulações. Ontem aconteceu uma live aqui no CMB onde um professor nosso resolveu fazer uma série de comentários nessa live. Realmente esse professor é nosso aqui do CMB, ocorreu numa live no dia de ontem, e o professor já foi afastado das aulas; da sala de aula; dessas lives, e já determinei a abertura de um processo administrativo para esclarecer a situação e apurar responsabilidades”, afirmou o diretor na transmissão.
“É só o que eu tenho a dizer com relação a esse caso, que é um caso episódico, pontual e assim será tratado. O nosso foco tem que ser sempre o ensino, processo ensino e aprendizado”, concluiu o coronel.
Veja o vídeo do diretor:
O Colégio Militar de Brasília (CMB) é subordinado ao Exército Brasileiro. Questionado sobre o episódio, o Departamento de Educação e Cultura do Exército afirmou que o afastamento do docente é temporário e ocorre para que ele possa exercer o direito ao contraditório e à ampla defesa no processo administrativo que responde. O processo foi aberto, segundo a nota, porque o docente se manifestou politicamente e desviou do assunto durante a maior parte do tempo da videoaula que ministrava.
Segundo a nota, a manifestação do professor contrariou artigo do Estatuto dos Militares segundo o qual são proibidas quaisquer manifestações coletivas, tanto sobre atos de superiores quanto as de caráter reivindicatório ou político.
O Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) também comentou o ocorrido e defendeu a liberdade de cátedra, princípio que assegura a autonomia didático-científica. “O professor tem a liberdade de cátedra. É papel do professor discutir as relações sociais entre os indivíduos e a igualdade de tratamento nas relações sociais. Não vivemos em uma ditadura. Mais respeito com o professor”, disse Samuel Fernandes, diretor do Sinpro.
Leia a íntegra da nota do Exército:
Em atenção a sua demanda encaminhada ao Centro de Comunicação Social do Exército no dia 4 de junho, o Departamento de Educação e Cultura do Exército esclarece que:
– o militar do Exército, que leciona no Colégio Militar de Brasília, foi temporariamente afastado das atividades docentes, para poder exercer o direito ao contraditório e à ampla defesa no processo administrativo que responde por ter se manifestado politicamente durante a vídeoaula que ministrava, o que contrariou o art. 45 do Estatuto dos Militares, Lei nº 6.880, de 9 de dezembro de 1980, e ainda, por ter se desviado do assunto durante a maior parte do tempo da aula, não respeitando, dessa forma, o previsto no Plano Sequencial Didático do Sistema Colégio Militar do Brasil.
Atenciosamente,
Assessoria de Comunicação Social do DECEx
Mas ora só, falou a verdade.
Por isso que escolas militares são uma m3rda, ele querem criar robos que apena repitam o grito: mito.