O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) decidiu nesta quarta-feira (4) desocupar a fazenda Jabuticaba, em Pernambuco, onde foram assassinados quatro seguranças da propriedade no último dia 21. As 80 famílias deixam a área a partir de hoje, depois de acordo feito entre o movimento e os donos da terra.
Líderes do movimento e proprietários, em reunião organizada pela Ouvidoria Agrária Nacional, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), firmaram acordo para que a terra seja vistoriada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O MST alega que a propriedade tem dimensões suficientes para ser destinada para fins de reforma agrária.
As ocupações no Pará, no entanto, segundo a coordenação do movimento vão continuar. Em entrevista ao Congresso em Foco, o integrante da coordenadoria Ulisses Manaças disse o MST irá reforçar as ocupações nas fazendas Espírito Santo e Cedro, propriedades da Agropecuária Santa Bárbara, do grupo do banqueiro Daniel Dantas. O movimento pede a vistoria das fazendas que, segundo Ulisses, são usadas para lavagem de dinheiro.
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A fazenda também é alvo de outras acusações. Em setembro de 1989, o trabalhador José Pereira, de 17 anos, foi atingido por uma bala no rosto após tentar fugir do trabalho escravo ao qual era submetido na fazenda. Segundo informações do blog do Sakamoto, o governo brasileiro tentou abafar o caso, que foi parar na Organização dos Estados Americanos (OEA). Em 2003, o Congresso Nacional aprovou o pagamento de indenização de R$ 52 mil a José Pereira.
A fazenda Espírito Santo foi ocupada pelo MST no último sábado (28). Os proprietários também respondem na Justiça por contrato ilegal de compra da terra. Uma ação civil pública do Instituto de Terras do Pará (Interpa) questiona o direito de posse da fazenda Espírito Santo por causa de irregularidades na aquisição da área. (Renata Camargo)
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