Desde o início da sessão no Senado, são crescentes os discursos em favor da candidatura do petista Tião Viana (PT-AC). Enquanto isso, o outro concorrente ao cargo, senador José Sarney (PMDB-AP), escuta, imóvel, às críticas dirigidas à sua candidatura.
A primeira, e mais efusiva, foi feita pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio, que afirmou: “Temos que passar esta Casa a limpo. Com o Sarney, não há mudança. Esta senhora, a opinião pública, deve ser levada em conta. Isso para que os senadores não sejam obrigados a tirar o broche para não ouvir desaforos nos aviões e nas ruas”.
"Tenho certeza que o senador Tião Viana será assertivo em relação ao que é uma exigência do PSDB, moralização interna da casa. Agora eu pergunto: é possível se fazer uma renovação nos costumes da casa mantendo a dirigi-la seu o senhor Agaciel Maia [diretor-geral do Senado] , na minha opinião não é", discursou.
Antigo funcionário da Casa, Agaciel teve seu nome associado às investigações da Operação Mão-de-Obra, da Polícia Federal, que apontou uma série de irregularidades em licitações (leia mais). Em outubro, o diretor-geral do Senado foi obrigado a exonerar a mulher, que, de forma ilegal, trabalhava sob sua subordinação (leia).
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Apelo de Alencar
O fervoroso apoio do PSDB ao senador Tião Viana ganhou corpo. Após Arthur Virgílio, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) subiu à tribuna e anunciou seu apoio à candidatura petista. Crivella justificou sua atitude dizendo que recebeu um telefonema hoje (2) pela manhã do vice-presidente José Alencar, que se recupera de cirurgia em São Paulo.
Com o pronunciamento, Crivella acabou explicitando movimentos do Executivo em prol da campanha de Tião Viana. O senador fluminense evitou atacar pessoalmente Sarney e seu grupo de apoio. “José Sarney tem prestado a este país numerosos serviços. Mas disse várias vezes que não seria candidato. Se o tivesse feito antes, meu partido faria diferente”, sustentou.
Crivella fechou seu pronunciamento repetindo o discurso feito por seus antecessores de que Tião Viana significaria um rompimento com a era de escândalos que assombrou o Senado nos últimos anos. “Estamos confiantes de que a eleição vai representar um novo tempo. Somos apenas cinco votos, mas cinco votos importantes para definir esta eleição. Votamos com Tião Viana”, encerrou.
Casa apodrecida
O líder do PDT, senador Osmar Dias, também confirmou o apoio de seu partido à candidatura petista. Depois dele, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) também falou em apoio a Tião Viana, adotando tom mais ameno em relação ao líder de sua legenda, Arthur Virgílio.
“Não é confortável, para mim, dizer que vou votar em outro candidato que não seja o senhor (Sarney). Mas sabemos que é necessária uma grande limpeza, uma grande reestruturação na nossa Casa, que, posso estar exagerando, está apodrecida por dentro”, afirmou.
Sarney e o silêncio
Em prol da candidatura de José Sarney, nenhum líder subiu à tribuna. Eleitor do petista, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) recorreru à ironia para falar da falta de discurso dos apoiadores do peemedebista. "Daqui a pouco, vou pedir para falar em defesa do senador, porque seus aliados não comparecem para defender sua candidatura", provocou ao microfone.
"Os adversários de Sarney já o defenderam", retrucou o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), em alusão aos elogios feitos pelos apoiadores de Tião Viana ao ex-presidente da República. "Defenderam a figura política de José Sarney, mas não sua candidatura", devolveu Cristovam. (Daniela Lima)
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