Sylvio Costa e Gabriela Salcedo
O chefe da Casa Civil do Distrito Federal, Hélio Doyle, considerado o homem forte do governo Rodrigo Rollemberg (PSB), pediu demissão do cargo na tarde desta quarta-feira (10). Jornalista e especialista em marketing político, Hélio Doyle havia coordenado a campanha eleitoral de Rollemberg e, nos últimos meses, tornou-se alvo preferencial de ataques de vários aliados do governador.
Duas críticas eram dirigidas com maior frequência ao ex-chefe da Casa Civil, que será substituído por Sérgio Sampaio, até então diretor-geral da Câmara dos Deputados. A primeira era de que o seu estilo centralizador emperrava as decisões e afastava a nova gestão dos segmentos sociais e das forças políticas que a elegeram. Hélio Doyle, que há anos deixou de exercer militância partidária mas foi um dos fundadores do PT, também era acusado de manter no governo local funcionários de segundo escalão e lideranças intermediárias petistas, ou seja, exatamente da legenda derrotada no pleito (o ex-governador de Brasília era o petista Agnelo Queiroz).
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As pressões contra Hélio Doyle ganharam maior visibilidade quando a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PDT), anunciou o rompimento com o governo, alegando exatamente que o governo estava dominado pelo PT. Celina obteve o respaldo do seu partido – ao qual pertencem os senadores Reguffe e Cristovam Buarque – e, com graus variados de discrição, de outras agremiações da frágil base de apoio legislativo de Rollemberg.
Em entrevista ao Congresso em Foco, Hélio Doyle rebateu as críticas. “Isso tudo é pretexto. A verdade é que alguns políticos estavam usando esses ataques para chantagear porque sabiam que precisávamos aprovar projetos importantes [na Câmara Legislativa]”, disse. Ele admite, no entanto, que se opôs a alguns pleitos feitos por deputados distritais, como pedidos de nomeações, o pagamento de dívidas a fornecedores “furando a fila” e indicações para os conselhos deliberativos de empresas ligadas ao governo do Distrito Federal (GDF).
Saída combinada
Hélio acrescenta que a sua saída estava combinada com o governador desde a última semana de maio – antes, portanto, da entrevista dada por Celina Leão no dia 2 para anunciar o seu afastamento da base de apoio de Rollemberg. “Com muita tranquilidade, já havíamos constatado que a minha saída era necessária para enfrentar o clima político adverso. Quando a Celina fez o anúncio, adiamos um pouco o desenlace para não parecer que era uma resposta à manifestação dela”, afirmou.
De acordo com o ex-secretário, Rodrigo Rollemberg também aguardou o retorno a Brasília do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que se encontrava no exterior, a pedido de Sérgio Sampaio, que pretendia conversar pessoalmente com o chefe antes de aceitar formalmente o convite. Bacharel em Direito e servidor concursado da Câmara desde os 21 anos, Sérgio Sampaio costuma ser elogiado tanto por suas credenciais técnicas quanto pela habilidade política.
O próprio Hélio Doyle acredita que sua substituição por Sampaio vai melhorar as relações entre o Executivo e o Legislativo, onde Rollemberg já sofreu várias derrotas em votações importantes. “Estou retirando o pretexto que alguns deputados e um senador usam para atacar as ações do governo”, declarou durante entrevista coletiva no Palácio do Buriti, sede do governo local.
O senador em questão é Cristovam Buarque, de quem Hélio se tornou desafeto após assessorá-lo à época em que o ex-ministro de Educação de Lula governou o Distrito Federal.
Hélio Doyle acrescentou ao Congresso em Foco que, além do PDT, o PSD e até mesmo o PSB (partido de Rollemberg) estavam incomodados com sua presença no governo. “No caso do PSB, havia um certo sentimento de ciúme, como seu eu, uma pessoa sem partido, estivesse usurpando um espaço que deveria ser do partido do governador”, futucou.
“O comando é do governador”
Em entrevista à Revista Congresso em Foco, Rodrigo Rollemberg tinha repelido as afirmações de que Hélio era quem de fato mandava em seu governo. “O comando é do governador”, afirmou.
Além de coordenar as ações administrativas do governo e ter papel-chave na articulação política, Hélio Doyle era o responsável pelas áreas de publicidade e comunicação social do GDF. No caso da comunicação, o mais provável agora é que ela saia do âmbito da Casa Civil e seja incorporada por outra secretaria.
Na contramão dos movimentos feitos por alguns dos seus correligionários, o senador Reguffe (PDT-DF), um dos principais cabos eleitorais de Rollemberg na última campanha, defende que o seu partido se mantenha independente: “Não tenho cargo no governo, nem quero. A melhor contribuição do PDT seria ter uma posição independente, abdicando de cargos no GDF”.
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