Na tentativa de agradar a gregos e troianos, o candidato do PSDB à Presidência da República, o ex-governador Geraldo Alckmin, desembarcou hoje (25) na capital maranhense para uma visita de seis horas durante a qual reuniu-se com os candidatos a governador do PSDB, Aderson Lago, e do PFL, Roseana Sarney.
A agenda de Alckmin permaneceu indefinida até tarde da noite de ontem diante da pressão exercida pela direção nacional pefelista para o candidato visitar apenas Roseana, líder das pesquisas de intenção de voto, deixando de lado Aderson, o mais veemente crítico da família Sarney no Maranhão.
O fato de a aliança nacional dos dois partidos não se reproduzir no Estado não constrangeu Alckmin, mas em nenhum momento ele expressou claramente seu apoio ao candidato do seu partido, limitando-se a dizer numa entrevista coletiva, ainda no aeroporto local: "Ele vai crescer. A campanha eleitoral começa para valer a partir de 15 de agosto, com a propaganda do rádio e da televisão. Vim aqui cumprimentar Aderson e os demais candidatos do nosso partido".
Na verdade, a principal preocupação de Almkin e da direção nacional pefelista, levando-se em consideração a privilegiada situação do Lula junto ao eleitorado do Maranhão (71% das intenções de voto, segundo o Ibope), é evitar a debandada de Roseana, pois é notória a aliança política do seu pai, o senador José Sarney, com o presidente da República.
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Além do mais, a única pesquisa do Ibope no Maranhão para governador mostra Roseana com 66% contra apenas 1% de Aderson. Os números comprovam a força da oligarquia Sarney, que controla poderoso grupo de comunicação (tv, jornais e uma extensa rede de emissoras de rádio pelos 217 municípios maranhenses) e há 40 anos exerce poder implacável num Estado que apresenta alguns dos piores indicadores sociais do país e um eleitorado com maioria de analfabetos funcionais.
Depois de visitar Roseana, Alckmin esteve no apartamento de Aderson, acompanhado do presidente regional do PSDB, deputado Sebastião Madeira, e de outras lideranças do partido. Alckmin e Aderson discutiram os problemas do Estado e falaram sobre as propostas de ambos para desenvolver o Maranhão e o país.
Aderson defendeu a necessidade de fortes investimentos em infra-estrutura, como forma de atrair novos empreendimentos e estimular a geração de emprego e renda. Destacou as condições privilegiadas do Porto do Itaqui, cujo calado permite atracar os maiores navios do mundo. "Apesar disso, somos apenas um corredor de exportação de soja, ferro, alumínio e manganês. Precisamos atrair empresas para ampliar a oferta de postos de trabalho aos maranhenses", enfatizou Aderson.
Alckmin disse que seu projeto para desenvolver o país passa por um apoio intensivo à agricultura, especialmente o setor de agricultura familiar, por uma política de incentivo ao agro-negócio, pela melhoria da educação e da saúde e por ações que garantam o pleno fortalecimento do setor produtivo.
"Nosso compromisso é ampliar o mercado de emprego, para que os brasileiros tenham condições de trabalhar e ter acesso a uma vida digna", disse. Ele lamentou que a economia brasileira cresça num ritmo de apenas 2% ao ano. "O Brasil vem perdendo para todo mundo. O cavalo passou selado e ninguém montou", argumentou, renovando críticas ao governo de Lula. Também foi irônico com seu adversário petista, ao lembrar sua afirmação de que a saúde no país está "à beira da perfeião".
"Ele diz isso porque não conhece um hospital público, não sabe o que é um serviço de emergência. Quando precisa se tratar, vai a um hospital de referência como o Incor. Eu sou médico e sei o que é um hospital público. Essa realidade dramática vai mudar no meu governo", prometeu.
Alckmin também fez uma palestra na Associação Comercial de São Luiz e encerrou sua visita ao Estado com uma caminhada, ao lado de Aderson, no centro comercial da parte mais antiga de São Luís.
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