Logo após ser aclamado ontem candidato do PSDB à Presidência da República, o ex-governador Geraldo Alckmin fez, em Belo Horizonte (MG), um longo discurso, no qual traçou os pilares de seu programa de governo. O tucano aproveitou a oportunidade para disparar severas críticas ao presidente Lula (leia mais).
Diante de um ginásio bastante esvaziado – boa parte da militância tucana presente à convenção saiu do ginásio enquanto ele discursava -, o candidato foi bastante aplaudido ao final do discurso, quando listou a série de escândalos registrados durante o governo petista e sugeriu que o presidente Lula é o chefe da quadrilha de 40 denunciada pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza.
“Que tempos são esses em que um procurador-geral da República denuncia uma quadrilha de 40 criminosos que tem na lista ministros, auxiliares e amigos do presidente? Que tempos são esses no Brasil em que cada vez que ouvem uma notícia sobre a quadrilha dos 40, os brasileiros pensam automaticamente em silêncio: ‘e o chefe, onde está o chefe, o líder dos 40 ladrões'”, disse ao Alckmin, ao concluir longo discurso de 19 páginas.
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Com a presença de toda a cúpula tucana no palco, Alckmin foi o único a discursar de um púlpito, acompanhado da mulher e dos dois filhos. Disse que tomará, logo na primeira semana de seu governo, as seguintes providências: enviar uma proposta de reforma tributária ao Congresso, reduzir o número de ministérios e implantar uma série de medidas para a área da segurança pública. Criticando as altas taxas de juros praticadas no país, afirmou: “Fazer a economia crescer é o clamor da sociedade brasileira hoje. E será a obsessão do meu governo a partir do ano que vem.”
Alckmin fez ainda novas críticas a Lula quando falou de saúde e de educação. “Na saúde, assim como na educação, o Brasil também andou para trás nos últimos anos. Não preciso lembrar o quadro caótico do sistema de saúde, embora o atual presidente o veja como quase perfeito, o que demonstra mais uma vez que ou ele é cínico ou vive em outro mundo.”
Quando falou das denúncias de corrupção que abalaram o governo Lula e o PT, fez questão de listar os principais episódios da crise: “O que os brasileiros viram nos últimos anos não tem paralelo na história. Nunca houve tanta desfaçatez e tanto banditismo em escalas tão altas da República. Mensalão, corrupção nas estatais, dólar na cueca, dólares em caixa de bebidas, malas de dinheiros, propinas, compra de deputados, sanguessugas do dinheiro público. É o aparelho de Estado tomado de assalto por quem deveria geri-lo”, disse.
Alto tucanato prestigia Alckmin e ataca Lula
Os militantes do PSDB oficializaram o lançamento do nome de Geraldo Alckmin como candidato do partido à Presidência da República. Sua indicação foi aprovada por unanimidade na convenção nacional do partido. Durante o evento, caciques tucanos aproveitaram para criticar o governo Lula.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que Lula causou a maior “desilusão” de sua vida. “Ele (Lula) lutou contra a ditadura. No entanto, ao chegar à Presidência, incorreu em vários itens da lei de responsabilidade, ao deixar as teias da corrupção atuarem ao lado de sua sala no Planalto. Jamais tive desilusão maior”, disse.
FHC explicou que sua desilusão é reflexo da alegria que teve quando Lula foi eleito. “Mesmo não tendo contado com nenhuma palavra de compreensão dele, durante os meus oito anos de governo, fiquei feliz naquele momento (em que passou a faixa presidencial)”, afirmou.
Segundo Fernando Henrique, Lula tem as “mãos sujas” e só está no cargo porque a oposição está de “olhos semivendados”. “Ele errou quando escolheu o PSDB como adversário e os partidos do mensalão como sustentáculos do poder. Sujou as mãos”, atacou o ex-presidente. “Hoje, nosso presidente é presidente porque estamos com os olhos semivendados. Porque ele incorreu em vários itens da lei de responsabilidade, porque não foi responsável. Deixou que lavassem ao seu lado, ao lado de seu gabinete, a maior teia de corrupção já vista no seu país.”
O líder do partido no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que o país não terá estabilidade caso Lula seja reeleito. “Não teremos estabilidade no próximo quadriênio caso esse homem seja reeleito”, disse. Para ele, o presidente Lula não tem condições de conduzir o país no caso de um cenário internacional adverso.
O pré-candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, também esteve presente na convenção. “Vamos sempre basear nossos governos no projeto desenvolvimentista de Juscelino Kubischek, no compromisso e na persistência de Tancredo Neves na luta pelas ‘Diretas Já’, na firmeza de Mário Covas e na capacidade de Fernando Henrique de reorganizar a economia”, afirmou.
Programa de governo
No encontro, Alckmin lançou o seu programa de governo. “Não temos medo de sonhar um país mais condizente com nossos valores. Mas entendemos que sonhar apenas não basta, é preciso dar os passos concretos para aproximar a realidade do sonho.
O crescimento econômico, a redução dos impostos, o aumento dos investimentos e a redução das desigualdades sociais estão entre os principais pontos da proposta.
“Fazer a economia crescer é um clamor da sociedade brasileira hoje. E será a obsessão de meu governo a partir do ano que vem. Crescimento econômico não cai do céu. Exige planejamento, ação, trabalho sério. Fazer o Brasil crescer com inclusão social será a minha tarefa”, disse Alckmin, em seu discurso.
Durante a convenção, o nome do governador de Minas, Aécio Neves, foi confirmado como candidato à reeleição. Para Aécio, convenção inicia caminhada para a vitória de Alckmin.
“É um imperativo do povo colocar o Brasil novamente no rumo do crescimento, da decência e da ética. E é o nome de Alckmin e do senador José Jorge que apontam para o caminho do desenvolvimento”, afirmou o tucano mineiro.
Para o governador, a convenção do PSDB é o início da vitória. “O dia de hoje representa o marco zero na nossa caminhada rumo à vitória”, afirmou, acrescentando que “ética e princípios são a bandeira do PSDB.
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