O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), disse há pouco ao Congresso em Foco que o advogado Roberto Teixeira, cujo escritório atuou no processo de transferência acionária da Varig, teme uma audiência na Comissão de Infra-Estrutura (CI) do Senado, que o convidou a depor na próxima semana, por isso pediu adiamento da audiência. Ontem (11), em depoimento prestado à comissão, a ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu voltou mencionar a participação do advogado na suposta “pressão” do governo em apressar a compra da empresa.
Para justificar o pedido de adiamento, Roberto Teixeira alegou precisar de período de recuperação por ter feito uma angioplastia (cirurgia para desobstrução de artéria, por meio de stent). Ele está internado desde sábado (7) no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, e deve receber alta hoje (12). Para Agripino, a desculpa não cola.
“O doutor Roberto Teixeira tem culpa no cartório. Ele pediu adiamento porque está querendo construir uma versão, quer combinar com os parceiros o que dizer”, declarou Agripino, ressalvando que não vai fazer “juízo a priori”, e que o assunto ainda está apenas no começo. “Cada coisa ao seu momento, não há por que a precipitação, ou falar nesse momento em CPI e politizar um assunto de interesse público.”
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Na audiência de ontem, Denise Abreu reafirmou as denúncias que fez contra a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), de que ela interferiu junto à Anac para que a Varig fosse rapidamente vendida ao grupo norte-americano Matlin Patterson e três sócios brasileiros, com a orientação jurídica de Roberto Teixeira. Para Agripino, não é só a ministra Dilma que está envolvida na suposta ingerência, mas figuras como o ministro Guido Mantega também podem ter participado da pressão governista.
“Isso é um novelo sem fim. O que existe, na verdade, é um processo de autoritarismo determinado no Palácio do Planalto, que se espalha do presidente [Lula] para a ministra Dilma, daí para a Erenice [Guerra, secretária-executiva da Casa Civil], e chega ao Mantega e a todos os outros”, afirmou o senador potiguar, para quem o Executivo pratica “invasão de atribuições” ao nomear uma diretoria de agência reguladora, no caso a Anac, e desfazê-la segundo conveniências, desrespeitando sua autonomia.
Além de Roberto Teixeira, foram convidados para depor na comissão, na semana que vem, os três sócios da Matlin Patterson; o juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pelo processo de falência judicial da Varig; os ex-diretores da Anac Leur Lomanto e João Ilídio Filho (que comparaceram ontem à comissão, mas pouco falaram sobre o caso, devendo ser reconvocados). O ex-presidente da Anac Milton Zuanazzi também deve retornar à CI, uma vez que o depoimento de Denise Abreu se alongou e ele depôs para uma comissão esvaziada. (Fábio Góis)
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