Thomaz Pires
O diretório regional do PT-DF tenta apagar o fogo na disputa entre o deputado federal Geraldo Magela e o ex-ministro dos Esportes Agnelo Queiroz. Em clima de guerra, os dois pré-candidatos ao Palácio do Buriti elevaram a temperatura do confronto durante um debate na noite dessa terça-feira (16). O encontro serviu para abrir as feridas do partido e expor as fragilidades de campanha diante de uma multidão de militantes inflamados.
As claques dos dois pré-candidatos embalou o clima de acusações. Magela foi o primeiro a partir para cima e interpelou o colega Agnelo sem pestanejar. “Todo mundo sabe que você teve acesso aos vídeos do Durval. Se soube de tudo, por que não tornou de conhecimento público para desestabilizar a quadrilha montada no governo? O PT precisa de um candidato com ficha limpa”, disparou Magela, referindo-se aos vídeos feitos pelo ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa que abriram a crise no GDF.
O clima esquentou com o tom de acusação entre os pré-candidatos. Dois militantes de correntes opostas chegaram a se estranhar na platéia e trocaram agressões. Eles precisaram ser contidos pelos seguranças. Também foi preciso interromper o debate, por diversas vezes, para apaziguar os ânimos e vedar as manifestações e os gritos.
Agnelo adotou um tom mais cauteloso e usou a parcimônia para se esquivar dos ataques. Mesmo não tendo feito acusações diretas, ele alegou estar sofrendo uma campanha sistemática para desestabilizar sua candidatura. “Essa prévia é resultado do processo democrático no nosso partido. Mas nos últimos dias venho sofrendo sucessivos ataques. E não vou aceitar golpes baixo de ninguém”, retrucou o petista, alvo de uma reportagem publicada no último fim de semana pela revista Época que questiona sua evolução patrimonial.
O diretório regional do partido deu sinais de que irá adotar o papel de juiz para não deixar a situação sair dos trilhos. No próximo domingo (21), será definido o nome do PT para a disputa do GDF durante as prévias partidárias.
O presidente do diretório regional, Roberto Policarpo, garante que o partido fez o possível para evitar as prévias. Mas, segundo ele, tanto Magela como Agnelo foram irredutíveis nas negociações. “Não é fácil convencer alguém a abrir mão da campanha. E o processo de escolha terá que ser o menos conflitante possível. Não vamos admitir insultos e ofensas entre os dois pré-candidatos. E, passada a prévia no domingo, seremos uma partido só e unido para derrotar a direita de Brasília”, disse.
Quebra de acordo
Magela foi enfático ao explicar por que insiste em manter seu nome na disputa ao Buriti. Pelo acordo inicial, ele sairia candidato ao Senado e Agnelo, ao governo. Na ocasião, o cenário se mostrava complicado para o partido. José Roberto Arruda, então filiado ao DEM, era considerado um candidato quase imbatível na reeleição. Seu único rival até então era o ex-governador Joaquim Roriz, hoje no PSC, segundo indicavam as pesquisas de opinião. Agnelo iria para o sacrifício.
Mas a mudança de cenário fez com que o acordo sofresse alterações. Magela argumenta que recolocou seu nome na disputa depois de receber apelos de petistas e integrantes de partidos aliados para entrar na corrida eleitoral. “Fiz diversas reuniões, ouvi muito, refleti bastante e sempre disse que somente recolocaria meu nome se isso fosse bom para o nosso partido”, disse Magela. “Mas, ao contrário disso, negociaram o nome de Agnelo na minhas costas. Quem quebrou o acordo foi ele”, sustenta.
Polarização
Mas, mesmo com a polarização dos dois nomes no PT-DF, há quem diga que o partido também busque uma terceira via. Ela seria uma possível candidatura independente do grupo de partidos que sempre apoiou o PT no DF. Nomes como o do senador Cristovam Buarque (PDT) ou do deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB) e do distrital José Antônio Reguffe (PDT) – antes aliados convictos do partido, apesar das dificuldades – começam a despontar como opções reais para a legenda.
De acordo com o diretório regional, a intenção da legenda é fechar com um nome próprio para começar a campanha. O eventual apoio a um terceiro candidato só será discutido caso as pesquisas apontem para o fracasso de uma candidatura petista.
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