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De acordo com as informações divulgadas pelo jornal, a Odebrecht alugou cerca de 20 quartos para acomodar a equipe que participa das negociações com a PGR. O grupo contava ainda com um lounge anexo e com a sala de reuniões da cobertura do Windsor Plaza para se encontrar depois dos encontros entre advogados e procuradores. O acordo de delação proposto pela empreiteira é um dos maiores já firmados no mundo. O Ministério Público (MP) pretende impor uma multa de R$ 6 bilhões à empresa, e quer detalhes sobre a distribuição de dinheiro ilícito enviado a políticos para garantir à Odebrecht vantagem em licitações.
“Nunca na minha vida achei que ia ter que negociar assim”, comentou uma advogada com os colegas.
“Se você negocia só um é fácil. Se você negocia 50, cada um tem um caso. ‘Olha, minha mãe está doente’, ‘meu filho é menor de idade’…”, disse outro advogado ao falar sobre as justificativas apresentadas à PGR para diminuição das penas.
Entre os advogados estão criminalistas de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Brasília e do próprio corpo jurídico da Odebrecht, com sede na Bahia. O objetivo do grupo é um só e transparece na frase mais ouvida nas conversas travadas na sala de reuniões do hotel: “Virar a página da empresa”. Para isso, Emílio negocia, advogados estendem reuniões na Procuradoria-Geral da República e a irmã de Marcelo pede a uma das integrantes da equipe: “Não vamos desistir agora”.
Novas operações
Uma das negociações mais difíceis é a do ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht. Responsável pela criação do setor de operações estruturadas, destinada ao pagamento de propinas, Marcelo é o investigado que mais tem munição para delatar políticos investigados pela Lava Jato. Enquanto investigadores da força-tarefa avaliam que a prisão do executivo mais poderoso e rico detido na operação deve servir de exemplo, advogados tentam reduzir a pena alegando que Marcelo já passou muito tempo na prisão. Ele está preso há um ano e quatro meses na carceragem da PF, em Curitiba. Pena estipulada a ele, por enquanto, é de 19 anos e quatro meses.
“A delação de Marcelo, mais do que qualquer outra, provoca terror no meio político com potencial para derrubar líderes que ainda se sustentam após dois anos e sete meses de investigação ininterrupta. Enquanto bebia um vinho, um dos advogados previa muitas operações após o acordo”, ressalta a matéria publicada pelo Estadão.
Outra negociação importante é a que envolve Alexandrino Alencar. Ele foi diretor de Relações Institucionais da empresa e vice-presidente da Braskem. O executivo tinha contato direto com líderes políticos, como o ex-presidente Lula, com quem foi flagrado em conversas interceptadas pela Polícia Federal. Por isso, é pressionado a entregar mais informações.
Leia a íntegra da matéria do Estadão
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