Adelir de Góes virou um nome conhecido entre ativistas mulheres. Mas principalmente entre aquelas que estavam determinadas em defender o direito de escolha sobre o tipo de parto.
Na verdade, o grande crescimento dos partos cesarianos em relação aos normais já era uma preocupação desde o final da Segunda Guerra Mundial. O crescimento foi tamanho que inverteu as proporções indicadas pela Organização Mundial da Saúde. Enquanto a OMS recomendava 15% de partos cesarianos, no Brasil praticava-se em 88% dos casos.
Apesar de diversas pesquisas, publicações acadêmicas e tentativas de programas públicos, foi em 2014 que a causa ganhou mídia e clamor popular. Após Adelir ter sido levada à força ao hospital pela polícia, por conta de uma decisão judicial que a obrigou a se submeter a um parto cesariano, o movimento Parto do Princípio ganhou projeção e as hashtag #somostodasadelir e #meucorpominhasregras ganharam espaço nas redes sociais e na grande mídia.
Como resultado, em janeiro de 2015 a Agência Nacional de Saúde Suplementar publicou resolução determinando que os partos cesarianos só seriam custeados se houvesse laudo médico comprovando a necessidade de intervenção. A resolução foi apenas uma etapa do embate e provocou um impacto milionário no setor.
Leia também
Causas como essa estão sempre sendo defendidas principalmente nos âmbito de saúde, meio ambiente, direitos humanos, combate à pobreza, proteção aos direitos das crianças, trabalho infantil, etc. O advocacy feminista resultou na aprovação da Lei Maria da Penha. A ONG Gapa-Bahia foi importante para a criação de uma Comissão Intersetorial da Aids. O movimento LGBT alcançou diversos direitos como o nome social, à escolha da pessoa. O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu foi decisivo na inclusão dos produtos do coco babaçu no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e nos programas de Compra Direta da Agricultura Familiar.
Advocacy é entendido como uma defesa de interesses sistemática (não esporádica) em torno de um tema, uma causa (não sobre um ponto específico) com objetivo de influenciar na formulação e implementação de políticas públicas. Normalmente o advocacy está associado a direitos sociais e difusos.
Existem algumas diferenças em relação ao lobby. Normalmente o lobby está associado a interesses econômicos e específicos de um determinado grupo e utiliza uma comunicação direta com o tomador de decisão. Já o advocacy está relacionado a políticas de interesse amplo, a grandes causas sociais, e utiliza estratégias de comunicação indireta para mobilizar a opinião pública.
O advocacy é normalmente praticado por ONGs, a exemplo bem ilustrativo do Greenpeace, WWF e ChildFund Brasil. Mas também há exemplos da prática por organizações internacionais, empresas, associações de moradores e até mesmo por indivíduos.Existem diversas ONGs, consultorias e agências especializadas nesse tipo de comunicação e campanha para defesa de interesses.
Conseguir o apoio da opinião pública para promover mudanças sociais não é tarefa simples. É necessário coletar evidências que demonstrem o problema público e também que proponham uma alternativa viável e eficaz para sua resolução. A mensagem é muito importante. A forma de se comunicar com o grande público tem suas nuances e especificidades. O discurso e a narrativa são diferentes para cada target. E existem ainda ações como abaixo-assinados, passeatas, manifestações, publicações, debates e palestras.
Quer saber mais sobre advocacy? Participe da Oficina de Boas Práticas de Advocacy que acontecerá em Brasília no mês de junho! Clique aqui e saiba mais.
> Veja os últimos artigos do colunista Eduardo Galvão
>> Experiências nacionais e internacionais em lobby e em políticas públicas
>> Transformando governança, regulação e políticas públicas
A diferença de advogacy pra lobby é a diferença entre homossexuais e viados. Se eu gosto da pessoa é homossexual, se eu concordo com a causa é advogacy.