O sub-relator de Fundos de Pensão, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), disse nesta segunda-feira que pedirá uma acareação entre ex-dirigentes do Nucleos, entidade de previdência dos funcionários das estatais federais da área nuclear, para esclarecer o motivo pelo qual o fundo nada fez para evitar prejuízos milionários.
Deverão estar frente a frente o ex-diretor financeiro do Nucleos Gildásio Amado Filho e a ex-gerente financeira Fabiana Carnaval, que depôs hoje na CPI. Gildásio disse à comissão desconhecer os dados referentes a investimentos que geraram prejuízos de R$ 22,7 milhões para o fundo. E atribuiu à gerência financeira, sob a alçada de Fabiana, a responsabilidade pelas escolhas dos papéis que seriam comprados pelo Nucleos.
Nesta manhã, a gerente financeira, por sua vez, afirmou à CPI que não tinha nenhuma responsabilidade ou influência nas decisões do fundo. “Essas ordens não partiam de mim; partiam da diretoria executiva (da qual fazia parte Gildásio Amado)”, afirmou.
Os dois são réus em ação movida pela atual diretoria do fundo, que cobra o ressarcimento pelos prejuízos. Logo após revelado que ela é parente de Haroldo de Almeida Rego, o Pororoca, Fabiana foi afastada do Nucleos. Pororoca é apontado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) como responsável por operações irregluares no mercado financeiro – lavagem de dinheiro e ocultação de bens.
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Fabiana também é prima de Christian de Almeida Rego, sócio da Arbor Gestão de Recursos, empresa com a qual o fundo Nucleos passou a ter cotas que somavam R$ 29,04 milhões em 2005.
Ex-gerente nega relação com Sereno
Fabiana Carnaval negou, durante o depoimento que prestou esta manhã, ter sido indicada para o cargo por Marcelo Sereno, ex-assessor da Casa Civil e ex-secretário de Comunicação do PT. Disse que só conhece Sereno “pelos jornais”.
Contudo, um dos representantes dos empregados no Conselho Consultivo do Nucleos, Neildo de Souza Jorge, aponta Sereno como padrinho da indicação de Fabiana. “Eu não conheço o Marcelo Sereno. Não sei de onde ele (Neildo) tirou essa informação”, afirmou, ao ressaltar que nunca soube de qualquer pressão de Sereno sobre o fundo de pensão.
Segundo acusações feitas por Neildo, Fabiana seria uma das peças de um suposto esquema montado pelo petista para o desvio de recursos do fundo para partidos políticos. Num depoimento anterior à CPI, o próprio ex-diretor financeiro Gildásio Amado Filho confirmou a interferência de Sereno no Nucleos. Disse, no entanto, que a atuação dele estaria restrita a pedidos para o recebimento de pessoas ligadas a bancos e corretoras.
ACM Neto defende a convocação de Sereno, mas não teve apoio na última sessão administrativa da comissão para aprovar o requerimento que levaria o ex-assessor da Casa Civil a depor.
Entre os técnicos da comissão, a suspeita é de que Sereno teria influência nos fundos Nucleos e Prece. O esquema envolveria investimentos de risco com perda de recursos para os fundos e repasse do dinheiro para partidos, por intermédio das corretoras.
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