O diretor-adjunto afastado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), José Milton Campana, negou na tarde desta quarta-feira (3) que a instituição tenha realizado grampos ilegais no Supremo Tribunal Federal (STF) e em qualquer outro órgão. Campana presta depoimento hoje à CPI dos Grampos da Câmara.
“A Abin não atua à revelia da legislação existente, não fez e não faz interceptações de linhas telefônicas. A Abin não atua no submundo, não trabalha contra o Brasil e as instituições democráticas”, bradou Campana.
Afastado pelo presidente Lula da diretoria da Abin na última segunda-feira (1), após denúncia publicada na revista Veja no fim de semana, Campana disse repudiar a ação de grampos ilegais e enfatizou que a agência não tem participação nos fatos. “A Abin não patrocinou nem colaborou com ações espúrias divulgadas pelos meios de comunicação e pela revista neste fim de semana”, disse.
Campana veio à CPI esclarecer a respeito das denúncias de que agentes da Abin realizaram grampos ilegais nos telefones do Supremo. Entre as interceptações, havia uma conversa do presidente da corte com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). O diálogo foi divulgado nos meios de comunicação.
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Campana também foi convocado a prestar depoimento para responder a acusação feita pelo ex-diretor da Abin, Paulo Lacerda, que o responsabilizou por colaborar com a Polícia Federal na realização de grampos na Operação Satiagraha.
Em seu depoimento inicial, Campana cobrou ainda que o Congresso aprove um projeto de lei que regulamenta a atuação da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, que tem prerrogativa de fiscalizar as atividades da Abin. “A comissão foi instalada no ano 2000, mas até o momento está sem regimento interno instalado. Em 2003, o deputado Luiz Carlos Hauly [PSDB-PR] apresentou o projeto, que tramita como projeto de resolução, mas até o momento não foi levado a plenário”, declarou.
No momento, a oitiva permanece suspensa em decorrência da Ordem do Dia em plenário. Após o retorno, os parlamentares darão início às perguntas ao diretor afastado. (Renata Camargo)
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