Roseann Kennedy*
Depois de anos perdida, sem saber direito qual era seu papel durante o Governo Lula, ou qual seria o melhor discurso a adotar, a oposição agora tenta se unir. Não quer passar mais quatro anos sem foco. Ao contrário, agora a ordem é não perder tempo.
Nesta quinta, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), está encaminhando um email para todos os integrantes do partido, para os candidatos, colaboradores e os filiados.
Muito mais do que uma mensagem de agradecimento pela participação de cada um na campanha deste ano, a ideia é começar a formar uma militância, algo que os tucanos sinceramente não têm. E que demoraram a entender a importância. Um partido sem envolvimento com a sociedade corre sério risco de encolher.
Em determinado trecho do e-mail, o senador ressalta que a legenda nunca foi e nem será a favor do quanto pior melhor, e complementa: “As urnas deram ao partido a obrigação de fazer uma oposição forte, sem concessões”.
O tom, porém, não deixa claro o que isso significa. Até porque a oposição, que saiu de fato mais unida da campanha este ano, ainda terá de decidir em conjunto como atuar. Porque, por enquanto, ainda não se entende em muitos pontos.
A mensagem chega a ganhar um tom de apelo para que os tucanos não cochilem porque acabou a eleição. Diz que é preciso se fazer presente em todos os lugares, inclusive no ambiente virtual, para fiscalizar o governo e difundir as idéias da oposição.
É como se o PSDB tentasse acabar com a mania de fazer campanha de escritório, que já resultou em três derrotas consecutivas na disputa presidencial.
O partido sabe que daqui a dois anos tem disputa de prefeituras a enfrentar e que essa pulverização de poder municipal é significativa em qualquer outra corrida eleitoral, seja para estados ou para o Planalto.
É a força municipal de partidos como o PMDB, por exemplo, que fazem a diferença para que a legenda tenha penetração tão significativa num pleito nacional. Porque, no final das contas, cada prefeitura, se estiver politicamente bem articulada, funciona como se fosse um comitê de campanha.
Há uma diferença, no entanto, da atuação partidária de oposição com a gestão governamental do PSDB. Os movimentos na legenda também deixam isso claro. Os governadores, por exemplo, estão orientados a tentar manter um bom relacionamento com o Governo Dilma.
*Roseann Kennedy é comentarista política da CBN, e escreve com exclusividade esta coluna para o Congresso em Foco
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