Estilista do polêmico vestido amarelo da primeira-dama , no desfile de 7 de setembro, fez o modelo sem saber que era para a esposa do presidente Jair Bolsonaro.
”Levei um susto quando soube. Me mandaram as medidas antes e comecei a confeccionar. O amarelo já estava definido, porque ela tinha visto um outro modelo meu na mesma cor . Se soubesse que era para a primeira-dama do país , teria feito diferente ”, conta Noemia Ferreira, que tem um ateliê em Brasília.
Orgulhosa e ao mesmo tempo cautelosa com a repercussão, Noemia não divulgou a sua assinatura do modelo na época. Mas clientes e amigos próximos reconheceram o vestido, que chegou a ficar erguido num cabide no ateliê, na Asa Norte. Ele custou R$ 420.
Noemia se reserva no direito de não dizer em quem votou nas últimas eleições para presidente. Mas afirma que não fez campanha para Bolsonaro e que nunca tinha tido contato algum com alguém da família . “Cheguei ao Palácio por mérito do meu trabalho. Não fiz campanha para ele”.
A estilista diz que torce para que Bolsonaro faça um bom governo. ”A partir do momento em que ele foi eleito democraticamente, eu não posso torcer contra. Torcer contra agora seria torcer contra o país”.
Leia também
Fugindo da fome
A história de Noemia, 47 anos, é marcada pela superação de estigmas e preconceitos . Reúne no mesmo perfil a vulnerabilidade de diversos segmentos sociais no Brasil .
Mulher, negra, nordestina , mãe solteira do primeiro filho, foi empregada doméstica, tinha pouco estudo até os 40 anos e sofreu violência de um ex- companheiro. Nunca recebeu benefício social algum de governos.
Noemia superou tudo isso. Aliás, ainda vem superando . As coisas melhoraram muito desde que chegou à capital fugindo da fome no Piauí. Mas as dificuldades ainda existem.
Ironicamente, o retrato de um Brasil desigual e sofrido foi parar dentro do Palácio da Alvorada para definir o look da primeira-dama no Dia da Independência.
“Foi um momento mágico para mim, depois de tanta dificuldade que passei na vida. Eu cheguei a Brasília , em 1996, fugindo da fome no Piauí. Cheguei como costureira, e tive de trabalhar como doméstica. Mas fui atrás do meu sonho. Passado o tempo, eu me vi ali dentro do palácio como uma estilista vestindo a primeira-dama. E fui muito bem tratada”, conta Noemia.
Elogios para “Deusa da Costura”
No dia do desfile de 7 de setembro, comentaristas de estilo analisaram o look ”flagdress” (quando alguém se veste com cores que remetem ao país ) da primeira- dama. O modelo de Noemia recebeu elogios de Marei Lafayette, a estilista que criou o vestido de Michelle para a posse presidencial.
Formado em Moda , pelo Iesb (universidade particular de Brasília), Noemia é chamada de ”Deusa da Costura”, pelos alunos, professores e amigos.
Ela explica que o amarelo do vestido, que atraiu Michele , não tinha conotação patriótica. ‘Eu sou patriota , mas como estilista não sou de usar muitas cores. Minha última coleção foi baseada no preto, branco e cinza. Mas , numa coleção , temos de ter um ponto de luz. Então, fiz um vestido e uma blusa no amarelo”.
Motorista
A estilista relembra que foi uma cliente dela que fez o contato para a primeira-dama. Somente dias antes do desfile de 7 de Setembro, já com o vestido pronto e entregue, foi informada de que um motorista a levaria à então desconhecida mulher que precisava de ajustes no vestido. E , assim, Noemia foi três vezes ao Palácio do Alvorada.
“A primeira-dama escolheu duas opções de vestido, depois de olhar vários de marcas bem conhecidas. O meu amarelo e um azul de outro estilista . Cheguei a ajustar no corpo dela o vestido azul, que era o meu concorrente. Ajustei os dois. Só quando a vi na televisão, soube, com muita emoção, que ela estava usando o meu amarelo”, relembra.
Retoques
Noemia revela que , se soubesse em tempo que era para primeira dama , teria feito algumas adaptações ao modelo original. “Teria colocado um manguinha para ficar um pouco mais formal”.
Sobre a primeira-dama, a estilista a descreve como ”uma pessoa simples, sem frescura, que me deixou bastante à vontade. E ela realmente é muito bonita”. Noemia não teve mais contato com a esposa de Bolsonaro depois disso. Também não tem fotos dos momentos com Michelle . “Eu não podia ficar com o celular lá dentro , pelas normas de segurança.”
Rock in Rio
Noemia sempre teve perfil discreto, tem um pequeno ateliê na 308 Norte. Coube a ela confeccionar os ”looks”de alguns artistas que se apresentaram no Rock in Rio recentemente. . Ela , como estilista e também costureira , tem outros estilistas como clientes . Mas que pedem sigilo . Os criadores dos modelos mandam para ela confeccionar as roupas de algumas celebridades.
Mãe de cinco filhos, somente aos 43 anos voltou a estudar. ´´Depois que me separei , decidi que era hora de voltar aos estudos. Completei o ensino médio e logo em seguida passei no vestibular. Não tive bolsa de estudos. Ainda estou pagando meu curso . Foi difícil, mas valeu a pena”.
O próximo sonho é abrir uma loja na mesma quadra onde tem o ateliê. Local onde ela quer expor e vender os modelos da próxima coleção. Mas Noemia enfrenta a dificuldade de ser uma empreendedora no Brasil. O espaço está disponível, precisa ser alugado , ela quer alugar, mas não tem fiador….
Presidente, está na hora de priorizar o povo pagador de impostos.
Por favor, faça um redirecionamento de verbas, retirando das viagens da Anta, dos vinhos premiados do STF (“Só Te Fude4ndo”), para os milhares de brasileiros talentosos, trabalhadores, batalhadores como essa estilista. Fiquei feliz com a orquestra que fez a apresentação na reunião dos BRICS.
Ficarei mais feliz ainda se essa talentosa estilista realizar seu sonho. E o senhor tem como fazê-lo!
Brasil acima de tudo, Deus acima de todos!
Ah! Coitado!
Nossa! Que argumento bem fundamentado. Fiquei impressionado!
Quantos neurônios você tem? Se tem…
E quem te disse que quero argumentar contigo? Tô nem aí pra bolsominion.